sábado, 20 de abril de 2024

Pontos e contrapontos.

 

                                                        Image by Stefan Keller from Pixabay.



Pontos e contrapontos.



E assim com o uivo desesperado das circunstâncias, que se torturam na inadequação semântica de um tempo desestruturado mentalmente para ser o que deveria ter sido, me acotovelo entre insanos patamares de entendimento, sem ter apoio para delimitar o espaço vital e obter equilíbrio entre todas essas façanhas aleatórias que são expelidas pelo caminho, na rotina dos degenerados que insistem em se sentir protagonistas de uma verdade, e que essa apenas existe na cabeça deles. Sendo assim não quero perder meus trajes psíquicos, e que eles, minha vestimenta, não percam consistência e escorram inexoravelmente pelo ralo da ocasião junto com a razão que se embalou em tributo a uma causa perdida. Essa oferenda mental que destino aos imaginários cantos do universo, nela pretendo ludibriar a estrovenga performática de uma época que finaliza o período da razão e da inteligência em progresso, tudo agora se transformou em bestialidade programática no destino dessa ocasião de perfídia e trapaça. E assim nessa centúria que se pretende dentro da lógica ser secular, trefego entre essas hipóteses mefistofélicas que infestam este agora com cara de preludio da catástrofe. Este, preambulado em infâmias e trapaças arregimenta multidões em sua gosma psicodélica de comportamentos injuriosos para obter plenitude na ocasião forrada de conceitos vãos e argumentos do inferno. Entre as ruas, vielas e avenidas desse momento é possível encontrar sem que se obtenha indignação das autoridades e de boa parte do povo, uma criança sendo assediada sexualmente, e inocentes pagando por um crime que não cometeram, a políticos omissos apenas preocupados com seus vencimentos, com o dinheiro que podem usufruir, apenas lutam por mais verbas que o governo oferece como contrapartida ao comportamento passivo que oferecem em forma de gratidão a mais um envio de dinheiro. Não há constrangimento e nem vergonha em acatar ordens ilegais, visivelmente inconstitucionais, porque afinal, ordens são feitas para serem cumpridas, mesmo a mais infame delas. Isto no passado já rendeu forca para muita gente. Em civilização que se preze, ordens ilegais não poderiam ser obedecidas, mas aqui elas, essa ordens infames são atendidas de pronto com uma agilidade impressionante. E ainda dizem que somos o maior país cristão do mundo, onde? Onde Cristo ensinou a ser venal, a ser perverso? Onde ele ensinou a dormir bem depois de cometer atrocidades contra inocentes? Mas a nossa rotina diz que é exatamente isso que muita gente que vai a missa ou ao culto faz, de dia é um legionário implacável perseguindo indefesos e na noite reza e dorme como um bom moço de Deus. A falta de escrúpulos é a principal característica humana do nosso tempo, as eras passam, a história se escreve, mas o homem não muda, Primeiro meus interesses, o vizinho, ora o vizinho, que morra. Nessa plasticidade orgânica com textura de água de rejeito navegamos rumo a deterioração completa da sociedade, onde a norma culta e civilizada será substituída por todo procedimento desleal e tosco em essência, para no final atingir também as famílias dos que colaboraram com a construção dessa realidade, essa tragédia não atingirá apena uma camada social, mas também aquele que serve de segurança repressiva ao regime terá na sua família as marcas da imoralidade, essa gente tem família também, filhos e netos, esposas e irmãos e irmãs, eles conhecerão também o toque da infâmia que seus tutores protegeram com efetividade, e este será o preço a ser pago pela regra: “estou cumprindo ordens”. Quando uma sociedade se degenera, todas as camadas, exceto o topo da pirâmide, sentirão o calor da desorganização social. Poucos, pouquíssimos se agregarão a este topo para que tenham privilégios, a grande maioria será descartada como algo que foi usado e não serve mais. Nenhum exercício mental será capaz de evitar o destino dessa gente, afinal, colaboraram de forma efetiva para a destruição de um país e seus valores mais significativos como nação, apenas por uns trocados momentâneos. O escalonamento das circunstâncias se dará gradativamente, primeiro o povo sem recursos, depois a classe média e por fim os ricos, com mais condições e propriedades. Essas propriedades que o “governo do povo” já coloca olhos cobiçosos em cima para gerar mais recursos que financiem a boa vida dos apaniguados da corte e seus nobres representantes. A coisa toda não passa de um feudalismo vermelho, onde espertalhões que se intitulam proletários ou defensores do proletariado se deliciam em transformar todo o povo em súditos do novo império.


De petulância e escarnio se faz nossos dias, onde desavisados são utilizados ao bel prazer de onanistas da política para ganho próprio e como escabelo para conforto dos objetivos abjetos desses senhores do momento. Com nos versos de Augusto dos Anjos: “O beijo, amigo, é a véspera do escarro, a mão que afaga é a mesma que apedreja”. Vide Versos íntimos do autor, E a citação serve justamente para todo colaboracionista que se julga a salvo do efeito do que ajuda a criar: “Se alguém causa inda pena a tua chaga, apedreja essa mão vil que te afaga, escarra nessa boca que te beija”. No fim, quando tudo estiver consumado, tu serás escarro lançado ao relento nas ocasiões que tu criastes e beneficiastes com tua participação. Jamais lamente, faça à tipa forra as tuas lamúrias inconfessáveis, pois na verdade esperava recompensa, mas veio apenas o obvio descarte dos que não possuem pedigree para serem incluídos na nova era. Abundante apenas será seu choro, e este por maior que seja a performance, não despertará piedade na sociedade que você traiu. Nesses dias endemoniados, que se ocultam entre pontos e contrapontos a costura não foi bem cerzida, as combinações não se confirmaram, para disfarçar os defeitos da sua alma vadia e disposta se vender por vantagens momentâneas. Nem a um óbolo terás direito na liturgia da piedade, quem trai aos seus se renega ao abandono completo nesse teatro de ações, de tão infame, restarás a ti o até suave esquecimento existencial, pois nem para recordação serás útil. O inominável terás como nome, o destino apropriado de quem vende e ataca os seus irmãos. Ações, elas não ficam sem resposta no tecido do espaço tempo, ação e reação, não estudou física? Terceira lei de Newton? “para toda ação há uma reação de mesma intensidade e direção, em sentido contrário”. Ou para você hipócrita que frequenta o culto ou a missa sempre. Coríntios: “E digo isto: que o que semeia pouco, pouco também ceifará, e o que semeia em abundância, em abundancia também ceifará”. Você semeou a coisa errada, não chore pelo abundante resultado que terá, afinal, entre orações, cânticos e rituais você estava cumprindo ordens que não deveria cumprir. Do criador você não se esconde! Então, entre jactâncias e bajulações a poderosos, você se perderá inexoravelmente, e oneroso será teu destino que foi construído se submetendo aos termos que te deram, mas não pensou se era inconveniente travar esse combate. As atitudes definem o futuro, e todos nós estamos imersos nessa realidade e certamente obteremos o resultado das nossa ações, as ações aparentemente insignificantes e as ações preponderantes e de peso específico na história. Jamais adquira uma infâmia como uma ação aceitável, seja justo, preste lealdade a sua terra, a sua família e ao próximo que te dá referência para que todos tenham uma vida justa, dentro dos parâmetros do Senhor.





Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.


Citações:


Poesia de Augusto dos Anjos, Versos íntimos.


Coríntios, Bíblia Sagrada.




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