sábado, 31 de agosto de 2024

A imposição do colóquio.

 

                                                              Image by Canva from Pixabay. 




A imposição do colóquio.




Então, demorou mas aqui chegamos nos tempos do conselho, do soviet, dos mencheviques e dos bolcheviques. E entre moderados e radicais, todos morreram, morreram desejando criar uma coletividade. Quem conhece um pouco de história sabe, mencheviques desejavam algo gradativo, bolcheviques queriam o peso a força, essa energia das profundezas engoliu a todos. E assim estamos aqui em meio de recrudescimento autoritário, com teores de um passado que saiu das tumbas ideológicas, para nos atormentar. Quem previa um futuro de liberdade e progresso, um futuro de avanço nos direitos humanos, errou inexoravelmente, despertamos a escuridão de tempos cruéis, onde falar o que se pensa poderia custar à vida. Parece filme de ficção científica retrô, um túnel do tempo que nos leva até a Rússia de 1905. Naqueles tempos de insanidade onde gerou o que aconteceu em 1917. Mas como citou Soljenítsyn no fim do seu depoimento O Arquipélago Gulag: “Não há história que não tenha fim. Em algum ponto do seu curso, toda história deve se interromper”. Claro, para desespero dos que amam o totalitarismo. Essa fórmula do inferno foi remodelada, um dos eruditos intelectuais que trabalhou nisso, pois já pressentia a sua morte, a morte do comunismo, devido aos métodos brutais de aplicação foi Georg Lukáks. Ele deixa isso bem claro Na sua história e consciência de classe ao citar a nova metodologia que deveria ser adotada: “O método das “ciladas dialéticas” do hegelianismo mostram claramente onde leva esse caminho. Mostram que é preciso justamente separar a dialética e o método do materialismo histórico se se quiser fundar uma teoria consequente do oportunismo, da “evolução” sem revolução, da “passagem natural” e sem luta ao socialismo”. Eu já utilizei essa citação interessante em outra crônica, hoje em algum dos meus livros, mas o momento pede que cite ela novamente. Vejam, ele fala em oportunismo, em um momento crucial para o movimento comunista, vale citar que Lukáks foi perseguido na época por seus pares, teve de fugir e se esconder, a brutalidade original não gostou das ideias dele. Mas foi justamente nas ideias dele, que o comunismo sobreviveu para uma passagem natural para o que viria a ser conhecido no futuro como socialismo, social democracia e hoje progressismo. A origem é o profundo arbítrio, inegável e impossível não sentir o teor da barbaridade original impregnada na doutrina. A famosa Escola de Frankfurt, se baseou nele, Lukáks. Marcuse, Adorno e tantos outros beberam nessa fonte. O que se vê hoje em termos de intolerância tem essa origem. Não há mais revolução, não há mais combate sangrento, o arbítrio vai se instalando como ele citou, como uma “passagem natural” que leva ao completo fim do processo, o fim da liberdade. Através da cultura, da imersão constante no discurso enviesado quanto aos costumes, relaxando as tradições, se chega ao ponto desejado pelos totalitários, o controle total da sociedade. O que hoje um único homem faz, claro, não sem respaldo , tem essa origem. Uma vez que toda a estrutura está sob controle ideológico, não há mais hipótese de retorno. Este insidioso processo social não para nesse ponto, em breve teremos a ação dos “colaboradores”. Dos alcaguetes, aqueles que voluntariamente passarão a ser a peneira do sistema. Todo regime político dessa espécie tem essa fase. Muitos voluntariamente, e outros por coação do sistema, que aplica chantagem em elementos aleatórios da sociedade para obter informação. Soljenitsyn cita no seu livro: “Traição como modo de sobrevivência. Após muitos anos de convivência com o medo, para si e para sua família, uma pessoa torna-se um vassalo do medo, submete-se a ele. E percebe que a forma menos arriscada de existência é a traição constante”. Nesse caldo cultura infame, onde o alcaguetamento passa a ser modo de sobrevivência, ninguém está seguro, mesmo não fazendo nada de ilegal. Pois alguém querendo mostrar serviço e assim sobreviver pode simplesmente inventar que você é um subversivo. Afinal, nesse tipo de regime todos querem ser o funcionário do mês. E assim, vejam bem, não querendo impor o medo, mas quem estiver hoje violando as determinações do imperador, correm sério risco de perder a liberdade. Porque certamente os delatores já devem estar imprimindo a sua participação no X/Twitter para enviar ao órgão de repressão. Tem gente que faz isso por prazer, embora seja indigno, tem muita gente que não possui nenhuma dignidade. Não duvide nem por um minuto, que farão isso. O ambiente mental dessa gente tem odor característico, fede. Mas não se preocupe com algum desconforto entre eles, essa atmosfera mental lhes dá prazer, eles ficam chocados e incomodados é com a normalidade, com a ética , com a lealdade e a honra. E assim, nesse processamento de circunstâncias o regime se consome até se inviabilizar em algum momento.



Todos de alguma forma já devem ter ouvido falar de um método conhecido como expurgo. Em coletivismos, a ânsia pela purificação ideológica e da metodologia cria situações de reforma. Se trata de um processo natural de recomposição da estrutura política, para se manter e não estagnar, o sistema elimina parte de seus colaboradores, mesmo os mais fiéis. E assim, muita gente que colaborou com toda lealdade possível é eliminado sem constrangimento, é pela causa, não é pessoal. Até porque a significação de “pessoal” já foi eliminada da realidade tem tempo em regimes assim. Não existe o conceito de pessoa, de individualidade de independência pessoal, tudo faz parte da estrutura do Estado, até você. Sua vida é apenas uma peça que se encaixa enquanto for conveniente para o governo. Deixando de ser assim, você será sacrificado, se orgulhe, você vai para o paredão por uma causa nobre, manter o regime. A loucura chega a tal nível que elementos selecionados para morrer, se orgulham de morrer para fortalecer a causa. No livro Arquipélago Gulag tem uma passagem assim. Como agem assim? Simples; reconhecem o mal como bem. Soljenitsyn cita também: “Para fazer o mal, a pessoa deve primeiro reconhecê-lo com bem, ou como uma ação razoável e regular. Tal é, felizmente, a natureza do ser humano: ele precisa buscar uma justificativa para suas ações”. E se justificando internamente dentro desse vácuo moral, as atrocidades com seu semelhares são plenamente possíveis. A filósofa Hannah Harendt já qualificou: “A banalidade do mal”, O maligno é bem trivial. Nunca esqueçam disso.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ

Citações:


Arquipélago Gulag de Aleksandr Soljenitsyn. São Paulo Cambraia.


História e consciência de classe. Estudos sobre a dialética marxista. Georg Lukáks. Martins Fontes Editora.



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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Parâmetros violados.

 

                                                       Image by Gerd Altmann from Pixabay.




 Parâmetros violados.




O que exatamente identifica um regime de liberdade, de mercado livre, também conhecido como democracia? O fluxo diversificado e livre de opinião e informação. Dentro dessa miscelânea de conceitos, de toda e qualquer origem e formato se faz a liberdade verdadeira o bem mais precioso da sociedade. Qualquer tentativa de cerceamento desses valores e procedimentos acarretará assim em desvio para uma situação perigosa de intervenção nos valores do processo democrático. Evoluímos politicamente para um equilíbrio de forças no poder para que algo assim fosse impossível de ocorrer em tempos modernos. Um poder compartilhado entre administração direta, criação de leis e sua interpretação foi idealizada por Montesquieu com a finalidade de eliminar aventuras irresponsáveis nessa área, mas a versatilidade humana para o bem e para o mal acabaram criando desvios que possibilitaram a desestruturação base da composição do bom ordenamento político. Entre investidas e intrusões sistemáticas foi criado uma problematização sistêmica e deformada para que poderes antes em equilíbrio sofressem extensa perturbação na sua estrutura particular e definida para ser a ideal. Não é preciso dizer que a doutrinação ideológica teve grande papel nessa deformação, onde interesses passaram a suplantar a letra da lei maior que define todo restante, a Constituição. Não que ela seja uma maravilha, mas ela, a Constituição fornece um roteiro básico para o funcionamento das organizações. Mas a partir do momento, onde se permite uma violação pequena aqui e ali, todo restante perde peso específico quanto a sua plena observação como lei maior. Estamos em um processo assim no nosso país, pequenas coisas cresceram e tomaram uma forma perigosa de atuação na realidade. Foi gerada ocasionalmente uma flexibilidade que permite um poder desmedido controlar qualquer coisa que ache pelo caminho, uma anomalia que agora investe com força na liberdade de comunicação e opinião. Quem me acompanha e lê meus textos hoje nos meus livros, entende o processo se construindo, se avolumando e finalmente se instalando de forma inexorável. Um político de baixo clero e portanto, incapaz de entender a complexidade de ser um líder de uma nação venceu a eleição. Sem o refino intelectual para entender o cenário e lidar com os desafios como Chefe de Estado, não tomou as atitudes necessárias para estancar a anomalia que se apresentava no seu caminho. E sem tratamento adequado, a coisa foi crescendo e adquirindo força e legitimidade controversa através de seu governo. A pusilanimidade atrai o desastre, uma famosa frase atribuída ao maior general que já existiu define a situação: “A sorte favorece os destemidos”. Você tem de demonstrar determinação, perder ou vencer é do jogo, mas a covardia traz a derrota mesmo antes da luta. O seu adversário ou inimigo tem de sentir a pressão da sua disposição. Não oferecendo para ele nenhuma migalha de dúvida que você irá até o fim no seu propósito, vencer e governar. Essa é a marca do líder, ter o poder nos olhos e não o confere a mais ninguém. O nosso escolhido naquele momento nunca possuiu verdadeiramente isso, era apenas fogo de palha, um emaranhado de bravatas convenientes e com apenas um propósito, iludir as massas. Tem muita gente até hoje presa nessa peça teatral mambembe. Se procuram um responsável, o encontrem nesse personagem ilusório que cativou boa parte da população. De certa forma, até o nosso judiciário virou refém das facilidades que ele proporcionou pois ao facilitar e permitir o erro, foi se criando um estrutura jurídica que aprisiona seus membros em algo ilegal, por solidariedade de classe, ninguém se sente confortável para reorganizar o ambiente. O que acaba provocando cumplicidade explícita com o erro. A tábua a deriva no oceano terá que suportar o peso de todos, uma vez que preferiram escolher esse recurso para não afundar no oceano bravio da condição atual. O famoso espírito de grupo, se um afunda, todos afundam. E assim vamos trafegando em terreno perigoso, todo nós, inclusive eles, os doutores da lei, porque se não existe mais a lei, ninguém está seguro. E algo brutal pode surgir no horizonte. Ayn Rand fala algo a respeito de direitos: “Os direitos humanos somente podem ser violados pelo uso da força física. É apenas por meio desta que um homem pode privar o outro de sua vida, ou escravizá-lo, ou roubá-lo, ou evitar que busque seus próprios objetivos, ou compeli-lo a agir contra seu próprio julgamento racional. A pré condição de uma sociedade civilizada é a exclusão da força física dos relacionamentos sociais – assim estabelecendo o princípio de que, se os homens desejam negociar uns com os outros, podem fazê-lo somente por meio da razão: pela discussão, persuasão e acordo voluntário, não coagido”.



Então, é assim que uma sociedade civilizada e equilibrada quanto aos procedimentos democráticos funciona, e não com decisões fora da real legislação aprovada pelos representantes do povo. Qualquer outra coisa que não venha da forma escrita previamente da lei se torna um avanço inadequado e inconveniente que vai gerar uma situação reativa que provavelmente em algum ponto futuro vai engolir quem produz o ato. Nas extrapolações do método mora o risco inevitável de em algum momento uma revisão ocorra até porque o tempo é dinâmico e a realidade tem o hábito de mudar o cenário que se constrói no agora. Não existem garantias absolutas, ainda mais quando os desafios começam a se avolumar e os adversários começam a se caracterizarem em volume de poder e abrangência. E assim estamos aqui, na iminência do broqueio no país de uma rede social de internet de grande abrangência, aproximadamente vinte milhões de usuários perderão acesso pela decisão não de um parlamento, mas de um só homem. Essa rede é utilizada por políticos em geral, deputados, senadores, juízes, promotores, militares, médicos, advogados, engenheiros, administradores, enfim, a nata da sociedade. Todos calados por um único homem. Claro, com a anuência dos seus parceiros, como supracitei. Quem acompanha o que escrevo através do tempo sabe como isso aconteceu, este poder não caiu do céu, foi proporcionado por desleixo e acordos encharcados de medo. Vocês políticos, que cuidem do problema, ele pertence a vocês, ou o congresso não serve mais para nada. E se não servem para nada, mesmo nada fazendo, mais cedo ou mais tarde serão abraçados com volúpia pelo que não combateram, basta esperar. Afinal, vocês são os representantes do povo. Se a rede cair mesmo, eu continuarei nos meus outros endereços de internet e nos meus livros. Até lá!




Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ


Citação:


Ayn Rand e os devaneios do coletivismo. Breves lições, Dennys Garcia Xavier. LVM Editora.  


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domingo, 25 de agosto de 2024

O pleonasmo da alma.

 

                                                       Image by Peter Schmidt from Pixabay.



 O pleonasmo da alma.



Assim, nessas circunstâncias efêmeras da existência humana, nos posicionamos no centro da atividade intelectual para um suspiro, enquanto todos os conceitos de ser flutuam em hipóteses aleatórias para construir o chão que nos sustenta no inevitável. Afinal, filosoficamente e permeado na estrutura da realidade ninguém pode viver por mim, mesmo que da repetição de erros se construa o objeto intelectual que venha a nos oferecer estorvo e controlar, as artimanhas humanas não decidem a espessura do tecido da realidade, essa condição se adapta independentemente de nós. Algo está sempre fora do alcance de nossas previsões, da nossa análise estatística do evento, e sempre se apresenta como o inesperado resultado definido como surpresa na estrutura da realidade. Talvez porque tenha de ser assim, provavelmente por acreditarmos que somos livres, mas não somos. E da angustia subliminar que habita em nós, desatinos perversos são construídos na estrutura da realidade. Para quem possui a capacidade de raciocinar, o instinto deveria ficar em segundo plano, mas hoje apenas se vê impulsos e desejos contemplados com benevolência destrutiva de sequazes que se beneficiam complacentemente de um período distópico. Há os que amam o sofrimento, especialmente o dos outros. Nesse caldeirão de suscetibilidades a ilusão se torna uma refeição gratificante para almas sem propósito. Então, será o conluio como desacerto que pavimentará o futuro do ensejo e dele se retirará a essência objetiva do que será um novo agora de forma implacável e audaz. O contexto estrutural da realidade é muito mais complexo do que se possa supor, e costuma ser cruel com a arrogância humana, que gosta de se estabelecer em objetivos impossíveis. Estamos assim, nesse intervalo de tempo entre sandices e desejos maléficos agrupados em coletividades artificiais de gerenciamento psicológico, onde o indivíduo foi eliminado para ser substituído por uma massa amorfa que recebe comandos de fora do seu arquétipo definidor de estrutura no seu papel social. Ortega y Gasset definiu: “A vida é intransferível. Ninguém pode me substituir nessa tarefa de decidir meu próprio fazer, e isso inclui meu próprio padecer, pois tenho que aceitar o sofrimento que vem de fora. Minha vida é, pois, constante e inescapável responsabilidade por mim mesmo. É necessário que aquilo que faço – portanto, aquilo que penso, sinto, quero – tenha sentido e bom senso para mim”. E assim, a vida é particular, não pode estar agregada a um mingau humano de conjunção, invariável na forma e que defina o que é bom para você. Sofrimento, alegria, tristeza o erro e o acerto são somente seus, e devem apenas ter em você o definidor de qualquer desses eventos, e não uma pantomima de gerenciamento de quadrupedes irracionais. Em grande parte, estamos nos sujeitando a uma animalização grupal imposta por políticas danosas quanto as liberdades de forma geral. O atributo dessa circunstância não é favorável à liberdade humana. Elementos de particular sordidez a compõem de forma sutil para criar uma inevitabilidade de procedimento, o resultado será o domínio do mal. Pairar aleatoriamente na superfície da insanidade foi o que nos restou, para gerar desconforto nesse agrupamento de procedimentos onde a usura exerce agiotagem psicológica numa maioria despreparada para conter essa força de opressão sistemática do sistema que se impõe. Somos então, nesse caso, a anomalia que tanto incomoda os que submetem os despreparados com nossa particular diferenciação intelectual. Afinal, estamos aqui justamente para isso, divergir do método e mostrar alternativas, expor uma intelectualidade que foi ocultada do povo justamente para que ficassem fragilizados nessa área. Conhecer o que produziram os reais grandes intelectuais da humanidade enriquece o sentido de viver e projeta no futuro um destino melhor. O que é verdadeiramente compreensível deve ser exposto intensamente para encalistrar o subterfúgio do que é aparente, encoberto por falsas premissas. Ocupar espaços de forma subliminar e aplicar uma estratégia ardilosa contra aqueles que se consideram mestres nesse jogo. Uma vez verdadeiramente absorvido, o conhecimento transforma e assim se cria o ambiente favorável para a liberdade. A conjectura dever ser trabalhada de forma a se viabilizar no contexto pretendido, e não se perder como suposições do que está além da linha do horizonte. Ser raciocínio lógico numa época de insensatez tem seus riscos, induz a um descarte social por não se adequar ao lugar comum do cotidiano perverso e deformado. Pois, no conjunto modelado a discrepância comportamental se torna um estorvo para o projeto de domínio.


Mas a solidão não é inconveniente. Ortega y Gasset estabeleceu: “só em nossa solidão somos nossa verdade”. E dentro desse abandono produzimos o que realmente interessa, o caminho alternativo por onde possa trafegar sem sustos a liberdade. As ocasiões se tornam o propósito e o tempo se encarregará de distribuí-las na estrutura do espaço para que mais adiante alguém possa acessar o bom conteúdo da história. Não lutamos pelo agora, o imediatismo não faz parte e nem tem presença preponderante nesse caminho. A energia que nos move não está sujeita a contenções e empecilhos de estratagemas que abarcam platitudes. Cingidos na razão e na lógica do universo, somos tão aleatórios e pragmáticos como se é possível ser. A sombra furtiva em paralaxe com essa realidade estrábica para desconforto de uma ocasionalidade banal. Recusamo-nos a ser massa, a perder a identidade, não aceitamos esse ultraje alegórico de uma ideologia bizarra que insiste em se tornar dominante. Não há vida em deixar de ser apenas para cumprir um desajuste comportamental vicioso. E até por isso deixamos para vocês o questionamento de Ortega y Gasset: “Mas em que sentido essa vida coletiva é vida humana?”. Isolem-se nos seus pensamentos e avaliem o contexto, não se permitam enganar e alijem a carga da artificialidade das incertezas.




Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ



Citação:

O homem e os outros José Ortega y Gasset Vide Editorial.  



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domingo, 18 de agosto de 2024

O lacônico sorriso da lógica.

 

                                                     Image by Ivana Tomásková from Pixabay.




 O lacônico sorriso da lógica.



Normalmente a lógica se divide em formal, transcendental e matemática, isto seria a realidade, mas no Brasil atual a lógica adquiriu em termos legais uma forma psicodélica de ser, onde o impossível se traduz como possível. Portanto o intelecto passa a flutuar entre hipóteses sem um perfeito funcionamento. Se eu me expresso quando falo, deveria percorrer um sentido lógico para que seja possível me faze entender, mas hoje, aqui não é bem assim. Entre deduções, silogismos e proposições nos perdemos entre delírios, Aristóteles riria muito de tudo isso, ele era muito bom em lógica. Ele era muito sutil nessa área, e assim estamos nós aqui inferindo nessa seara peculiar da compreensão do pensamento humano de uma forma mais analítica e profunda para tentar compreender as distorções atuais da realidade proposta por sacerdotes da loucura. Mas claro, não iremos assim abordar aqui as proposições categóricas de Aristóteles. Contrárias, contraditórias, subalternas e subcontrárias, a quem se interessar, pesquise, tem vasto material na rede. Vamos mesmo, neste caso, mergulhar no ranço epistêmico do nosso tempo, aquilo que de forma absurda nos governa agora, e sendo assim traça o nosso destino de forma oblíqua em relação ao que se poderia esperar de um ambiente sadio. E então temos, grande parte do povo brasileiro comunista politicamente e um super e potencial individualista no comportamento, uma quimera comportamental. Pensa politicamente em coletividade e age sempre de forma egoísta em benefício de si e que o resto se dane. Por uma vantagem pessoal até se mata o próximo sem constrangimentos. Com às exceções de praxe, não há muita solidariedade coletiva onde se doutrinou com tanta paciência toda a população. Afinal, deveria existir harmonia nessa pantomima coletiva esquizoide proveniente das trevas. Mas alguns sacerdotes dessa tendência ainda pregam assanhadamente hoje a submissão completa a seus desígnios, essa gente não convive bem sem uma coleira de controle, se não a tiverem, sobra apenas um vazio existencial. Sem um dono para exercer posse se sentem perdidos e em completo abandono, o caso do escravo que ama suas corretes e não vive mais sem elas. E assim, dentro dessa realidade indefinida por ser controversa e deliberadamente disfuncional temos a criação de alguns perfis psicológicos clássicos proporcionados por essa atmosfera insalubre e debilitante, o sujeito que afeta cultura, se comporta como se fosse superior e com capacidade muito acima dos demais, mas é tudo fantasia, de uma estrutura mental deturpada, onde habita na verdade um incapaz. Então, temos o energúmeno, e ele é autossuficiente no seu espaço mental. Nessa construção psicológica eles se bastam e se alimentam dos dejetos psicológicos que produzem sistematicamente neste perfil mental do inferno. O desatino e a arrogância é sua marca característica. A vaidade dessa gente não suporta a real qualidade, portanto, perseguem quem realmente se destaca, porque ser melhor é uma agressão imperdoável ao incompetente, o progressismo, a última etapa do socialismo, a mais moderna, busca colocar o idiota no comando, vencendo sempre a seleção, apesar de não possuir nenhuma qualidade para isso. Tudo que for belo, bom, e superior deve ser eliminado, assim se nivela a sociedade por baixo, criando um ambiente decrépito e em todos os aspectos suscetíveis ao completo domínio por clássica inferioridade estrutural de seu conteúdo desqualificado por políticas de controle social. Conforme já citei em crônica anterior, o estúpido, cheio de certezas, controla o ignorante, vazio de conhecimento, o manipulando para o propósito que assim desejar, e esse objetivo nunca será em benefício do objeto de manipulação, essas políticas possuem apenas um objetivo, favorecer a uma minoria que se considera especial e dona de tudo e todos que o poder deles alcance. A lógica aplicada aqui é se tornar preponderante e privilegiados, usufruindo de todo e qualquer benefício, mesmo que isso cause o empobrecimento generalizado e a repressão e perseguição dos que não se conformarem com a situação. Até por isso, metaforicamente a real lógica sorri sutilmente dentro dessa estrutura alucinada e divergente, certamente não haveria espaço e vez na ágora para a defesa desses valores, a exatidão filosófica não permite disparates desse nível. E assim estamos no seio da anomalia que hoje patrulha a opinião, pois ao servo não é permitido avaliar o contexto e opinar a respeito de algo que não lhe pertence, a liberdade. Muitos enfim vão perceber a diferença de ser um cidadão e um objeto para uso apenas dentro das situações que o sistema assim permitir, são sutilezas subliminares que apenas são perceptíveis depois que se perde, um amortecimento da sensibilidade impede o acesso a este nível de percepção. Claro, muita gente que facilitou essa situação vai finalmente notar que não estará incluído na tal elite, no paraíso para poucos, foi apenas uma ferramenta e agora retornará ao limbo dos esquecidos.



Ora, o despertar será doloroso para essa gente, muitos incluídos na categoria dos energúmenos, arrogantes, vaidosos, virão a habitar os guetos dos excluídos, será lindo! Assistir sonhos de poder virarem pó e serem levados pelo vento. A lógica, no fim se estabelece, se tornando preponderante na estrutura da realidade, em algum momento específico, tudo voltará ao prumo, ao equilíbrio normal estipulado pelo universo. Todo regime de exceção, onde seus líderes não possuem aval popular para governar cria periodicamente seus expurgos e elimina o que considera deslealdade circunstancial de parte de seus colaboradores, e com isso se pode dizer que ninguém está seguro. Nada é tão garantido quanto a verdadeira democracia, mesmo com suas evidentes falhas, ainda é o melhor regime de governo já criado. Alternativas ideológicas não estão no cardápio da boa convivência social por criar nichos de privilégios inadmissíveis dentro do contexto da realidade. Não chegamos nesse absurdo sem motivos, de certa forma todos nós colaboramos para o desastre político, por omissão, por colaboração ou por indiferença. A coisa foi iniciada de forma sutil, subsidiada por agentes qualificados para fazer parecer inofensivo e até um fator de qualidade acrescentado na estrutura de ensino, mais humanismo, maior inclusão, maior diversificação, mais sensibilidade, essa conversa fiada ilusionista que faz o mal parecer agradável e de possível absorção comportamental pela sociedade. Então, nosso mundo ocidental de base cristã está desmoronando, instituições estão aparelhadas, a lógica corrompida e o futuro é incerto. Certamente o ajuste agora será um sacrifício, mas a história segue seu curso, outras civilizações tiveram seu tempo, talvez seja o nosso limiar, nosso ponto sem retorno. Que estejamos prontos para a travessia, tudo indica que será turbulenta. Ah, um lembrete: a partir do momento que você não puder mais expor sua opinião, você não é mais livre. Lógico!




Gerson Ferreira Filho.  

ADM 20 – 91992 CRA – RJ

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domingo, 11 de agosto de 2024

A apodítica tergiversada.

 

                                                               Image by jana from Pixabay.


 A apodítica tergiversada.



Assim, dentro de uma lógica, algumas coisas são concludentes, porém presenciamos tempos onde o irrefutável deu lugar ao delírio e a sua característica de maleabilidade estrutural dentro de uma semântica aleivosa com fins destrutivos e de corrupção do pensamento humano. E então, com a estrutura da compreensão comprometida temos uma realidade que passa a ser injúria plena ao pensamento correto que se torna até subversivo dentro dos parâmetros enviesados e desequilibrados da situação vigente. No nosso fervor epistêmico, nutrimos convicções a respeito da realidade e do que é verdadeiro, não há aqui possibilidade de rendição a modismos e controvérsias estimuladas por deformações de cunho empírico, onde suposições de desejos ocultos prevalecem sobre a verdade. Porque afinal, quem teve a oportunidade de ler Mário Ferreira dos Santos sabe a relação da filosofia com a matemática, se você quer criar uma revolução filosófica no mundo, saiba terá de rever e refazer tudo o que se sabe a respeito da matemática, com toda a exatidão que ela possui. Imagine provar que um quadrado é na realidade redondo se ele assim desejar? Os pitagóricos e Platão o esmurrariam sem complacência. Os mestres em filosofia naquela época exigiam dos iniciados o estudo prévio da matemática, da geometria. Assim citou Mario Ferreira dos Santos. “A matematização da filosofia é a única maneira de afastá-la dos perigos da estética e das meras asserções. Não que consideremos um defeito a presença do estético na filosofia, mas o perigo está em o estético tender a bastar-se a si mesmo, e reduzir o filosofar ao seu campo, com o predomínio da conceituação com conteúdo apenas psicológicos, sem a depuração que a análise ontológica pode oferecer”. Portanto, vivemos em tempos onde a estética passou a predominar na realidade, o que importa hoje são as aparências e os desejos, estes que se sobrepõem à verdade sem levar em consideração a sua real estrutura e suas propriedades determinantes de ser. Isto é um desastre pois cria uma realidade sem sustentação na lógica e tem mais uma estrutura semelhante a um processo esquizofrênico de vida, onde um mundo paralelo se constrói em alicerce quebradiço na estrutura da realidade, que certamente não irá conviver com a deformação por muito tempo sem expugná-la no seu seio com violência desmedida. Nessa doxa particular de platitudes óbvias escorregam para a suposição do aconchego com a loucura onde a degeneração intelectual faz morada e cobrará seu preço existencial na estrutura da civilização. Ao abraçar a sensibilidade se acaba encontrando a forma mais bruta de realidade que geralmente não se apieda da incompetência. A maioria que hoje adota essa estética como meio de vida em substituição à realidade, não compreende que o nada não existe, é uma premissa impossível. O nada absoluto significaria que nem nós estaríamos aqui raciocinando a respeito disso, e portanto, se algo há, algo dá substância ao ser. E se o ser possui substância ele também possui ação no contexto perceptível da existência que lhe cabe. E se ele possui ação, não permitirá por muito tempo controvérsias elaboradas entre delírios de poder e controle, porque na verdade essa alguma coisa que há, esse ser é o que realmente está no controle. Porém o orgulho e a vaidade humana reduziram a capacidade de ver o óbvio, todos nós estamos sob controle e com determinado roteiro de ação, não cabendo desvios fora de propósito na realidade, a não ser se o desvio for o objetivo traçado previamente. E se esse cenário for a meta, ainda assim, e definitivamente, se nada está sob controle humano e assim sendo, nem mesmo a relativização do nada absoluto será capaz de em oposição o substanciar o que na origem, nada significa e nada é. No primeiro postulado da Filosofia Concreta de Mário Ferreira dos Santos, estão as teses um e dois, um – Alguma coisa há, e o nada absoluto não há, e tese dois – O nada absoluto, por ser impossível, nada pode. Recomendo muito que os interessados em saber a respeito desse imbróglio que nos envolve hoje leiam esse livro do Mario Ferreira dos Santos, eu sei, um desconhecido, infelizmente, os melhores brasileiros são colocados na geladeira pela turma que nos domina hoje, porém eu garanto que estudá-lo será fundamental para entender a realidade. Claro amigos, eu não poderia colocar aqui tão vasto trabalho, apenas ofereci como aperitivo alguma coisa para estimular a pesquisa nessa área.



Porém, tudo isso possui extrema importância, o nível cultural é essencial para além de entender o que acontece ter a capacidade de resistir e sobreviver com relativa saúde mental no cenário adulterado que construíram para todos nós. E o simples conhecer que existe alternativa para o que presenciamos em termos de desvios cognitivos massificantes já é um avanço nesse plano desnivelado quanto aos reais valores da civilização. Embora mergulhados em causalidade devemos ter cuidado com a construção dos eventos, pois tudo aqui se torna motivo e volta a nós como a resposta previsível de uma exata ação escolhida. Aqui, nesse campo os mais resistentes são aqueles que foram totalmente absorvidos pela anomalia, a ponto de não existir mais aparente diferenciação do que é desvio e do que é ser humano, foram incorporados, digeridos e se consideram parte da situação. Não se enganem, são muitos, pois existe, foi criado, conteúdo intelectual específico para alimentar a ilusão. Gente capacitada criou isso, a mesma turma que acredita que a vida não passa de uma ocasionalidade aleatória e não existe nada nem ninguém no controle, a situação impossível mencionada acima pelo filósofo. O nada é uma impossibilidade filosófica. E dentro desse vazio de expectativas e esperanças, criaram algo que nutre a carne e seus desejos e mata por inanição o espírito. Mas o que existe é o infinito, o permanente aquilo que foge ao nosso controle e, provavelmente nos controla. Seja quem você for, considere-se mapeado, planilhado e submetido por algo bem maior do que seus interesses pessoais. Voltando com Mário Ferreira dos Santos para encerrar: “Tese 110. O ser infinito é a providência absoluta. O termo providência de pro e videre que, em latim, significam “ver com antecedência”. Providenciar alguma coisa é dispor o necessário para que essa coisa seja. Ora, tudo quanto é, tudo quanto foi e será tem origem no ser infinito. Consequentemente, tudo quanto acontece, aconteceu ou acontecerá foi providenciado por ele, pois do contrário teria vindo do nada, o que é absurdo. É nesse sentido que, filosoficamente, pode-se compreender a providência de que falam as religiões”. Sua designação e propósito já foi determinado, não se preocupe com livre arbítrio, provavelmente você só acredita que tem um para seu conforto pessoal, fica mais íntimo, parecer ter controle da própria vida dá um ar de pertencimento como a água que está armazenada numa talha, se ela, a água pensasse, acreditaria que é dona daquele ambiente. Ela o é, até que a entornem na sarjeta. Propósito, todos temos um, talvez o meu seja justamente esse, escrever e divulgar conhecimento, quem sabe? Ao escrever, mesmo sem abrangência, eu altero de alguma forma a realidade, divulgo o que foi escondido, procuro dar voz a grandes intelectuais obliterados pela turma que acredita em materializar vontades e desejos em realidade. Afinal, alguém tem de despertar os que assim desejam acordar para a vida real, e quem quiser prosseguir no sonho quimérico transfigurando-se em delírios que se resolva nos limites da profunda alucinação.




Gerson Ferreira Filho.




Citação:


Filosofia Concreta. Mário Ferreira dos Santos. Editora Filocalia.



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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Um meio para um fim.

 

                                                  Image by congender design from Pixabay. 




Um meio para um fim.



Entre tergiversações e evasivas modernas estamos de forma abrangente no limiar do retrocesso estimulado, graças a implementação sistemática da decadência comportamental, como um contrafluxo paradoxal de hipóteses indolentes com relação a realidade. Nós, humanos, nos construímos através de milhares de anos até atingir esse ponto no espaço tempo onde referenciamos nítido progresso a partir do tempo no qual saímos das cavernas em busca de um animal para se tornar nossa principal refeição e com a pele dele confeccionar nossas roupas. Lascamos pedras, nos reuníamos em torno de fogueiras, pintávamos cenas que víamos no cotidiano nas paredes e de forma bem precária sepultávamos nossos mortos. Precisou que fosse cumprida a passagem de milhares de anos para enfim, percebermos algo muito simples, é possível plantar gramíneas, que nos darão o sustento adicional, sem precisar ficar percorrendo o planeta caçando e coletando. Um meio para um fim. Não quer dizer, que a princípio a caça tenha terminado, mas uma coisa leva a outra, e se é possível domesticar o trigo, a cevada, o centeio, etc. Alguns animais podem também passar a pertencer ao círculo familiar, para serviço e consumo. Das gramíneas aos tubérculos, até cabras, carneiros e bois fomos nos capacitando para uma longa jornada nesse tecido que chamamos de tempo. Nos tornamos mais complexos e diversificados quanto ao raciocínio, a aparência, ao comportamento e também quanto as tradições de grupo, onde a estruturação de vieses culturais começaram a se formar para estabelecer uma tradição. Hayek menciona: “Na realidade, todavia, em grande medida, a civilização de tornou possível subjugando os instintos animais inatos aos costumes não racionais que permitiram a formação de grupos ordenados maiores e, crescimento progressivo”. A criação de códigos de conduta específicos na organização social, permitiu a migração do estado animal para o estado de humanidade no real parâmetro de ser. Organização para seguir em frente com aprendizado constante e enriquecimento cultural. Antes, sem essa capacidade mental com linearidade sequencial de acumulo de conhecimento, não era possível passar de pequenos grupos, quase famílias únicas, nas antigas pradarias do planeta. Com uma possível e até viável agregação de vários grupos com o tempo se constrói uma comunidade maior e se torna possível atividades mais complexas e com distribuição de tarefas e com organização representativa para um grupo social mais complexo e diversificado. Lideranças surgirão naturalmente no contexto e a viabilidade como sociedade se estabelece para a natural expansão. Já é perceptível neste ponto da nossa história que não há um retrocesso substancial de atitudes, talvez uma crise aqui e ali, por confronto entre grupos muito diferentes, doenças, e questões climáticas graves. Há uma constante aquisição de conhecimento na trajetória do tempo, que leva a formações cada vez mais complexas e sofisticadas sociedades. Civilizações, cada qual em seu canto de mundo, se estabelecem com seu padrão cultural, seus ritos religiosos e sua tecnologia particular. Como uma experiência planetária, nos desenvolvemos de forma diferenciada, uns são muito bons em cálculos e organização, outros nas artes, e tantos outros na filosofia e na compreensão de nós mesmos. Claro, no percurso também há os tantos problemas na organização social, o preconceito, a violência a guerra. Quanto maior for a aleatoriedade caleidoscópica das ações intelectuais, maior a possibilidade de desvios e problemas no processo. Dentro de tudo isso será preciso disciplina, para que de alguma forma todos nós alcancemos a liberdade, novamente, um meio para um fim, com esclarece Hayek: “O homem não se desenvolveu em liberdade. O membro do pequeno bando ao qual ele tinha de aderir para sobreviver não era livre. A liberdade é um produto da civilização que libertou o homem dos grilhões do pequeno grupo, cujo estado de ânimo momentâneo até o chefe tinha que obedecer. A liberdade se tornou possível pela evolução gradual da disciplina da civilização que é, ao mesmo tempo, a disciplina da liberdade. Ela protege o homem por meio de normas abstratas impessoais contra a violência arbitrária dos outros e permite que cada indivíduo procure construir para si um domínio protegido no qual ninguém mais pode interferir, e dentro do qual ele pode usar o próprio conhecimento em busca dos próprios propósitos. Devemos a nossa liberdade às restrições da liberdade. Pois quem poderia ser livre se o capricho de qualquer outro homem pudesse tiranizá-lo?”.



Então, o que você que lê esse texto vê aqui? A liberdade é produto da civilização, estabelecida por regras, e a perda de alguma liberdade, oferece todo restante de liberdade, o que leva a conclusão óbvia que se estamos perdendo liberdade, estamos perdendo civilização. O que vemos ser criado hoje, essa política invasiva que não respeita mais os parâmetros civilizatórios normais é uma perigosa anomalia que pode demolir implacavelmente todo o processo civilizatório, criando algo extremado de controle total que sufocará a liberdade conquistada através de milênios de evolução social. Essa deformação comportamental cria seres de interior extremamente materialista, sem piedade e sem misericórdia, pois esse sistema elimina um processo muito importante na estabilização da sociedade, a religião, essa que proporciona parâmetro de freio para os impulsos animalescos de vingança fria quando não se obtém o que se deseja dento do contexto específico ao qual se possui o poder. Quanto mais vazio de valores filosóficos mais cruel é o indivíduo, e nesse ponto qualquer crueldade passa a ser uma possibilidade real de ser aplicada contra seus semelhantes. A ausência de limites construídos na metafísica religiosa que estabelece padrões de conduta amigável com seu semelhante, sobra apenas o animal irracional, que dilacera a garganta da presa sem constrangimento, afinal, ele está apenas saciando seus desejos e necessidades carnais. Assim, por milhares de anos procuramos um meio para um fim, e conseguimos entre diversos tropeços estabelecer uma civilização, não perfeita mas com alguma qualidade para muitos. Onde a participação política se manteve razoavelmente estável para garantir os termos de convivência grupal com poucos atritos, aqui e ali, apenas interrompidos por guerras em larga escala ocasionais. Tudo indica que essa anomalia brutal, a guerra pode fazer parte do processo de correção de rumo dos agrupamentos sociais. Ensinar o verdadeiro valor da vida, e da paz que seria possível dentro da lei. Poderíamos considerar como um ajuste natural e específico para que haja entendimento que a necessidade de poucos elitizados não vencem no final, que a relação de civilização e liberdade não aceita falsos deuses no contexto humano, e que essa gente sempre perde no final. Uma causa e efeito estilizada para um contexto maior, que foi explicada de forma sutil no tradicional aforismo: “cada um colhe o que semeia”. Resta agora a quem está nessa realidade procurar conhecimento para diluir o problema em curso, mais cultura de qualidade seria muito bom, a compreensão exata do que realmente acontece proporciona a oportunidade real de uma proposta mais humana de realidade. Ou se abandone e se entregue a destruição e ao sofrimento, portanto, encerrando com Hayek: “O homem não é e nunca será o senhor do seu destino: a sua própria razão sempre avança levando-o ao desconhecido e ao imprevisto onde ele aprende coisas novas”.




Gerson Ferreira Filho.



Citação:


Direito, Legislação e Liberdade. Friedrich A. Hayek. Editora Avis Rara.



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sábado, 3 de agosto de 2024

Vácuo vinculante.

 

                                                           Image by Mike from Pixabay.




Vácuo vinculante.


Olá turma, que um bom propósito abrigue todos vocês, vamos conversar a respeito da ausência contundente de raciocínio básico no nosso tempo, algo como um vácuo estimulado por ejeção de toda e qualquer razão do interior desse contexto que hoje nos envolve. Há muito mais espaço para abrigar uma ociosidade contumaz nesse ambiente com o propósito claro de fragmentar em injurias a estrutura da realidade, para a partir desse fracionamento, aplicar ousadamente um novo destino, artificial e deturpado, que será a partir desse momento o único caminho possível, mesmo que poucos o aceitem como realidade. Resta saber apenas até que ponto onde o real arquiteto da realidade vai permitir tal injuria prosseguir com esses planos psicodélicos, onde moram todos os delírios ideológicos permissivos de uma geração corrompida. Talvez o critério seja apenas esperar a decomposição e que o material que sobrar da reação de putrefação escorra pelo ralo do destino. Nossa sociedade atual possui um vácuo vinculante com a loucura, podemos dizer que a razoabilidade de sustentação lógica da existência foi substituída por uma vontade contumaz de entrega a qualquer desejo particular que subjaz na escuridão individual de algum demônio impertinente que habita almas desatadas dos laços de controle civilizacional. Esse desarranjo cognitivo empresta ao ser dominado o teor da estupidez necessária para se sentir superior, porque ora, todo estúpido se considera a nata abrangente que empresta sabor a ignorância. Ivan Audouard um escritor francês e jornalista certa vez definiu: “Elucidar a estupidez é, por definição uma estupidez ainda maior”. Não devemos perder tempo com isso, ela apenas se estabelece e procria, envolvendo o espaço mental propício para que possa se estabilizar e vigorar por completo em terrenos mentais baldios e desprovidos de proteção no perímetro de segurança psicológica. Nesse intervalo sem conteúdo, foi instalado uma programação nimbosa que propicia uma chuva constante de hipóteses equivocadas e alagamentos com erros sistematizados para o fim a qual se destina, criar a submissão persistente ao erro. Não é possível lutar contra isso, o correto está em deixar que se consuma e colapse através do tempo, em algum momento a estrutura vai se fragilizar devido a falta de sustentação básica na realidade. Conhece aquele velho aforismo: “cabeça vazia é a oficina do diabo”. Este é o ponto, tratamos aqui disso, desse vácuo de metas, de objetivos, onde a ausência completa de estímulos, gerada por vários fatores, desde a falta de contato com os pais, até a doutrinação de massa aplicada nas escolas e universidades. Imagine uma geração inteira sem contato efetivo com a família, onde iria assim adquirir valores e aprender que tem também deveres, chegar nas escolas e ficarem entregues a doutrinadores com uma cartilha própria com o projeto de domínio e desestruturação social. Tem como dar certo algo assim? Claro que não, hoje somos comandados por essa geração, sem valores, sem ética, sem sensibilidade, máquinas sociológicas de poder, é apenas o que enxergam, poder, domínio, opressão. O outro, o semelhante não significa nada, e para vencer no cenário, se tiver que eliminar a concorrência, não terão nenhum escrúpulo de adotar os mais perversos métodos para alcançar o objetivo. Não se enganem, a humanidade ficou pelo caminho, não há vestígios disso. É possível dizer que o que ainda, de forma frágil mantém a civilização com algum teor conservador são as religiões de forma geral em destaque para o cristianismo. Com seus valores corretos de vida e de família ainda conseguem sustentar uma parte da sociedade dentro de bons valores, se não fosse isso, tudo já teria desmoronado. Os que estão fora desses círculos de influência são apenas instinto, e não há misericórdia na natureza, ela é implacável nos seus desígnios e quem vive somente sob influência dela não se apieda do sofrimento alheio. Psicólogos e psicanalistas construíram uma lógica frágil de que ao contrario de eliminar a estupidez, deu mais representatividade a ela. Ao problematizar todo e qualquer comportamento invasivo, criou-se a lógica do ser de cristal, aquele que qualquer ressonância o faz trincar e se desfazer em cacos do que um dia foi. Isso tem influência no comportamento da sociedade de forma geral, criando sustentação para o que chamam de progressismo hoje. O mundo real é rustico, áspero e muitas vezes machuca e desagrada um ou outro, mas a vida prossegue com o acúmulo das experiências desagradáveis e são elas, que criam a massa psicológica na densidade correta para a sustentação do ser no cenário no qual irá viver, e não em uma pessoa estereotipada e sensível insuportável, incapaz de conviver com o contraditório. Querem um exemplo disso, vou colocar um trecho aqui de um livro de renomado psicólogo: “A estupidez é inevitável, pois somos todos seres humanos. As nossas estupidezes são nossas próprias criações – e as nossas reações a elas também são. Os sinônimos da palavra “estupidez” são muitos: burrice, babaquice, idiotice, inaptidão, besteira… No entanto, o denominador comum é o elemento inerente ao erro. Até a babaquice mais boba (uma piada por exemplo) praticada contra outra pessoa, mas que não foi bem recebida por ela é reconhecidamente um erro. Se o efeito humorístico pretendido não é alcançado, pode ser bem prejudicial, e, por fim o ato acaba se revelando estúpido. Então, fica evidente que raras são as estupidezes realizadas que têm total conhecimento das consequências”.



Então, vamos analisar o que foi dito. O autor reconhece que a estupidez no se humano é inevitável, lógico, somos imperfeitos, somos humanos. Todos nós, de alguma forma temos um grau de estupidez em algum momento da vida, inevitável. Essa estupidez que faz parte de nós, nos ajuda a que construamos nosso perfil psicológico através do tempo, ela engrossa nossa armadura virtual contra a aspereza do mundo real, e um dos principais métodos dessa estupidez é a confrontação com a diferença que sobressai no ambiente. Sim! É estúpido mas é válido, tem função na construção psicológica do indivíduo. Não preciso mencionar os excessos, tudo, qualquer coisa em excesso é prejudicial, até beber água. Sendo assim, se abolirmos até as piadas como se fossem um objeto de agressão ao outro, e sim, elas são mesmo, pois realçam algo que chama a atenção, teremos uma sociedade frágil, que não é capaz de conviver com a crítica, com o confronto, com a realidade. E a realidade muitas vezes desagrada. Precisamos de gente forte, e não de gente com a consistência de um manjar de coco. Eu, pessoalmente vivi essa experiência, de ser referência em ambientes coletivos. No colégio público, no Rio de Janeiro, eu era o único branco legítimo no colégio, não precisa dizer, que por ser diferente de todos os outros, afrodescendentes e pardos, era o alvo principal de todos, era o fantasma, a barata descascada, o sabão de coco, a maisena e algumas coisas mais. Isso me destruiu? Não! Me fortaleceu, claro, tempos depois meu pai me colocou em colégio particular, onde a diversidade era maior e já não tinha problemas, porque muitas vezes a situação acabava em violência, eu tinha uma personalidade esquentada, e partia muitas vezes para a briga. Agora imagine, que tipo de ser humano vai ser produzido onde até piadas machucam? A principal consequência da estupidez humana é o fortalecimento psicológico, a boa convivência com a piada, com a ofensa direta, sem morrer por causa disso. Não gostou? Saia na porrada! Resolva-se e se transforme em um ser humano preparado para a vida real, e não se transforme em um bichinho de pelúcia, frágil toda vida, vivendo angustiado com seus medos múltiplos, produto de uma fragilização imposta por estúpidos com diploma e não se entregue à tutela equivocada de parâmetros comportamentais de hospício.




Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ




Citação:


A psicologia da estupidez. Jean-François Marmion. Editora Avis Rara.  



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