domingo, 11 de agosto de 2024

A apodítica tergiversada.

 

                                                               Image by jana from Pixabay.


 A apodítica tergiversada.



Assim, dentro de uma lógica, algumas coisas são concludentes, porém presenciamos tempos onde o irrefutável deu lugar ao delírio e a sua característica de maleabilidade estrutural dentro de uma semântica aleivosa com fins destrutivos e de corrupção do pensamento humano. E então, com a estrutura da compreensão comprometida temos uma realidade que passa a ser injúria plena ao pensamento correto que se torna até subversivo dentro dos parâmetros enviesados e desequilibrados da situação vigente. No nosso fervor epistêmico, nutrimos convicções a respeito da realidade e do que é verdadeiro, não há aqui possibilidade de rendição a modismos e controvérsias estimuladas por deformações de cunho empírico, onde suposições de desejos ocultos prevalecem sobre a verdade. Porque afinal, quem teve a oportunidade de ler Mário Ferreira dos Santos sabe a relação da filosofia com a matemática, se você quer criar uma revolução filosófica no mundo, saiba terá de rever e refazer tudo o que se sabe a respeito da matemática, com toda a exatidão que ela possui. Imagine provar que um quadrado é na realidade redondo se ele assim desejar? Os pitagóricos e Platão o esmurrariam sem complacência. Os mestres em filosofia naquela época exigiam dos iniciados o estudo prévio da matemática, da geometria. Assim citou Mario Ferreira dos Santos. “A matematização da filosofia é a única maneira de afastá-la dos perigos da estética e das meras asserções. Não que consideremos um defeito a presença do estético na filosofia, mas o perigo está em o estético tender a bastar-se a si mesmo, e reduzir o filosofar ao seu campo, com o predomínio da conceituação com conteúdo apenas psicológicos, sem a depuração que a análise ontológica pode oferecer”. Portanto, vivemos em tempos onde a estética passou a predominar na realidade, o que importa hoje são as aparências e os desejos, estes que se sobrepõem à verdade sem levar em consideração a sua real estrutura e suas propriedades determinantes de ser. Isto é um desastre pois cria uma realidade sem sustentação na lógica e tem mais uma estrutura semelhante a um processo esquizofrênico de vida, onde um mundo paralelo se constrói em alicerce quebradiço na estrutura da realidade, que certamente não irá conviver com a deformação por muito tempo sem expugná-la no seu seio com violência desmedida. Nessa doxa particular de platitudes óbvias escorregam para a suposição do aconchego com a loucura onde a degeneração intelectual faz morada e cobrará seu preço existencial na estrutura da civilização. Ao abraçar a sensibilidade se acaba encontrando a forma mais bruta de realidade que geralmente não se apieda da incompetência. A maioria que hoje adota essa estética como meio de vida em substituição à realidade, não compreende que o nada não existe, é uma premissa impossível. O nada absoluto significaria que nem nós estaríamos aqui raciocinando a respeito disso, e portanto, se algo há, algo dá substância ao ser. E se o ser possui substância ele também possui ação no contexto perceptível da existência que lhe cabe. E se ele possui ação, não permitirá por muito tempo controvérsias elaboradas entre delírios de poder e controle, porque na verdade essa alguma coisa que há, esse ser é o que realmente está no controle. Porém o orgulho e a vaidade humana reduziram a capacidade de ver o óbvio, todos nós estamos sob controle e com determinado roteiro de ação, não cabendo desvios fora de propósito na realidade, a não ser se o desvio for o objetivo traçado previamente. E se esse cenário for a meta, ainda assim, e definitivamente, se nada está sob controle humano e assim sendo, nem mesmo a relativização do nada absoluto será capaz de em oposição o substanciar o que na origem, nada significa e nada é. No primeiro postulado da Filosofia Concreta de Mário Ferreira dos Santos, estão as teses um e dois, um – Alguma coisa há, e o nada absoluto não há, e tese dois – O nada absoluto, por ser impossível, nada pode. Recomendo muito que os interessados em saber a respeito desse imbróglio que nos envolve hoje leiam esse livro do Mario Ferreira dos Santos, eu sei, um desconhecido, infelizmente, os melhores brasileiros são colocados na geladeira pela turma que nos domina hoje, porém eu garanto que estudá-lo será fundamental para entender a realidade. Claro amigos, eu não poderia colocar aqui tão vasto trabalho, apenas ofereci como aperitivo alguma coisa para estimular a pesquisa nessa área.



Porém, tudo isso possui extrema importância, o nível cultural é essencial para além de entender o que acontece ter a capacidade de resistir e sobreviver com relativa saúde mental no cenário adulterado que construíram para todos nós. E o simples conhecer que existe alternativa para o que presenciamos em termos de desvios cognitivos massificantes já é um avanço nesse plano desnivelado quanto aos reais valores da civilização. Embora mergulhados em causalidade devemos ter cuidado com a construção dos eventos, pois tudo aqui se torna motivo e volta a nós como a resposta previsível de uma exata ação escolhida. Aqui, nesse campo os mais resistentes são aqueles que foram totalmente absorvidos pela anomalia, a ponto de não existir mais aparente diferenciação do que é desvio e do que é ser humano, foram incorporados, digeridos e se consideram parte da situação. Não se enganem, são muitos, pois existe, foi criado, conteúdo intelectual específico para alimentar a ilusão. Gente capacitada criou isso, a mesma turma que acredita que a vida não passa de uma ocasionalidade aleatória e não existe nada nem ninguém no controle, a situação impossível mencionada acima pelo filósofo. O nada é uma impossibilidade filosófica. E dentro desse vazio de expectativas e esperanças, criaram algo que nutre a carne e seus desejos e mata por inanição o espírito. Mas o que existe é o infinito, o permanente aquilo que foge ao nosso controle e, provavelmente nos controla. Seja quem você for, considere-se mapeado, planilhado e submetido por algo bem maior do que seus interesses pessoais. Voltando com Mário Ferreira dos Santos para encerrar: “Tese 110. O ser infinito é a providência absoluta. O termo providência de pro e videre que, em latim, significam “ver com antecedência”. Providenciar alguma coisa é dispor o necessário para que essa coisa seja. Ora, tudo quanto é, tudo quanto foi e será tem origem no ser infinito. Consequentemente, tudo quanto acontece, aconteceu ou acontecerá foi providenciado por ele, pois do contrário teria vindo do nada, o que é absurdo. É nesse sentido que, filosoficamente, pode-se compreender a providência de que falam as religiões”. Sua designação e propósito já foi determinado, não se preocupe com livre arbítrio, provavelmente você só acredita que tem um para seu conforto pessoal, fica mais íntimo, parecer ter controle da própria vida dá um ar de pertencimento como a água que está armazenada numa talha, se ela, a água pensasse, acreditaria que é dona daquele ambiente. Ela o é, até que a entornem na sarjeta. Propósito, todos temos um, talvez o meu seja justamente esse, escrever e divulgar conhecimento, quem sabe? Ao escrever, mesmo sem abrangência, eu altero de alguma forma a realidade, divulgo o que foi escondido, procuro dar voz a grandes intelectuais obliterados pela turma que acredita em materializar vontades e desejos em realidade. Afinal, alguém tem de despertar os que assim desejam acordar para a vida real, e quem quiser prosseguir no sonho quimérico transfigurando-se em delírios que se resolva nos limites da profunda alucinação.




Gerson Ferreira Filho.




Citação:


Filosofia Concreta. Mário Ferreira dos Santos. Editora Filocalia.



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