quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Parâmetros violados.

 

                                                       Image by Gerd Altmann from Pixabay.




 Parâmetros violados.




O que exatamente identifica um regime de liberdade, de mercado livre, também conhecido como democracia? O fluxo diversificado e livre de opinião e informação. Dentro dessa miscelânea de conceitos, de toda e qualquer origem e formato se faz a liberdade verdadeira o bem mais precioso da sociedade. Qualquer tentativa de cerceamento desses valores e procedimentos acarretará assim em desvio para uma situação perigosa de intervenção nos valores do processo democrático. Evoluímos politicamente para um equilíbrio de forças no poder para que algo assim fosse impossível de ocorrer em tempos modernos. Um poder compartilhado entre administração direta, criação de leis e sua interpretação foi idealizada por Montesquieu com a finalidade de eliminar aventuras irresponsáveis nessa área, mas a versatilidade humana para o bem e para o mal acabaram criando desvios que possibilitaram a desestruturação base da composição do bom ordenamento político. Entre investidas e intrusões sistemáticas foi criado uma problematização sistêmica e deformada para que poderes antes em equilíbrio sofressem extensa perturbação na sua estrutura particular e definida para ser a ideal. Não é preciso dizer que a doutrinação ideológica teve grande papel nessa deformação, onde interesses passaram a suplantar a letra da lei maior que define todo restante, a Constituição. Não que ela seja uma maravilha, mas ela, a Constituição fornece um roteiro básico para o funcionamento das organizações. Mas a partir do momento, onde se permite uma violação pequena aqui e ali, todo restante perde peso específico quanto a sua plena observação como lei maior. Estamos em um processo assim no nosso país, pequenas coisas cresceram e tomaram uma forma perigosa de atuação na realidade. Foi gerada ocasionalmente uma flexibilidade que permite um poder desmedido controlar qualquer coisa que ache pelo caminho, uma anomalia que agora investe com força na liberdade de comunicação e opinião. Quem me acompanha e lê meus textos hoje nos meus livros, entende o processo se construindo, se avolumando e finalmente se instalando de forma inexorável. Um político de baixo clero e portanto, incapaz de entender a complexidade de ser um líder de uma nação venceu a eleição. Sem o refino intelectual para entender o cenário e lidar com os desafios como Chefe de Estado, não tomou as atitudes necessárias para estancar a anomalia que se apresentava no seu caminho. E sem tratamento adequado, a coisa foi crescendo e adquirindo força e legitimidade controversa através de seu governo. A pusilanimidade atrai o desastre, uma famosa frase atribuída ao maior general que já existiu define a situação: “A sorte favorece os destemidos”. Você tem de demonstrar determinação, perder ou vencer é do jogo, mas a covardia traz a derrota mesmo antes da luta. O seu adversário ou inimigo tem de sentir a pressão da sua disposição. Não oferecendo para ele nenhuma migalha de dúvida que você irá até o fim no seu propósito, vencer e governar. Essa é a marca do líder, ter o poder nos olhos e não o confere a mais ninguém. O nosso escolhido naquele momento nunca possuiu verdadeiramente isso, era apenas fogo de palha, um emaranhado de bravatas convenientes e com apenas um propósito, iludir as massas. Tem muita gente até hoje presa nessa peça teatral mambembe. Se procuram um responsável, o encontrem nesse personagem ilusório que cativou boa parte da população. De certa forma, até o nosso judiciário virou refém das facilidades que ele proporcionou pois ao facilitar e permitir o erro, foi se criando um estrutura jurídica que aprisiona seus membros em algo ilegal, por solidariedade de classe, ninguém se sente confortável para reorganizar o ambiente. O que acaba provocando cumplicidade explícita com o erro. A tábua a deriva no oceano terá que suportar o peso de todos, uma vez que preferiram escolher esse recurso para não afundar no oceano bravio da condição atual. O famoso espírito de grupo, se um afunda, todos afundam. E assim vamos trafegando em terreno perigoso, todo nós, inclusive eles, os doutores da lei, porque se não existe mais a lei, ninguém está seguro. E algo brutal pode surgir no horizonte. Ayn Rand fala algo a respeito de direitos: “Os direitos humanos somente podem ser violados pelo uso da força física. É apenas por meio desta que um homem pode privar o outro de sua vida, ou escravizá-lo, ou roubá-lo, ou evitar que busque seus próprios objetivos, ou compeli-lo a agir contra seu próprio julgamento racional. A pré condição de uma sociedade civilizada é a exclusão da força física dos relacionamentos sociais – assim estabelecendo o princípio de que, se os homens desejam negociar uns com os outros, podem fazê-lo somente por meio da razão: pela discussão, persuasão e acordo voluntário, não coagido”.



Então, é assim que uma sociedade civilizada e equilibrada quanto aos procedimentos democráticos funciona, e não com decisões fora da real legislação aprovada pelos representantes do povo. Qualquer outra coisa que não venha da forma escrita previamente da lei se torna um avanço inadequado e inconveniente que vai gerar uma situação reativa que provavelmente em algum ponto futuro vai engolir quem produz o ato. Nas extrapolações do método mora o risco inevitável de em algum momento uma revisão ocorra até porque o tempo é dinâmico e a realidade tem o hábito de mudar o cenário que se constrói no agora. Não existem garantias absolutas, ainda mais quando os desafios começam a se avolumar e os adversários começam a se caracterizarem em volume de poder e abrangência. E assim estamos aqui, na iminência do broqueio no país de uma rede social de internet de grande abrangência, aproximadamente vinte milhões de usuários perderão acesso pela decisão não de um parlamento, mas de um só homem. Essa rede é utilizada por políticos em geral, deputados, senadores, juízes, promotores, militares, médicos, advogados, engenheiros, administradores, enfim, a nata da sociedade. Todos calados por um único homem. Claro, com a anuência dos seus parceiros, como supracitei. Quem acompanha o que escrevo através do tempo sabe como isso aconteceu, este poder não caiu do céu, foi proporcionado por desleixo e acordos encharcados de medo. Vocês políticos, que cuidem do problema, ele pertence a vocês, ou o congresso não serve mais para nada. E se não servem para nada, mesmo nada fazendo, mais cedo ou mais tarde serão abraçados com volúpia pelo que não combateram, basta esperar. Afinal, vocês são os representantes do povo. Se a rede cair mesmo, eu continuarei nos meus outros endereços de internet e nos meus livros. Até lá!




Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ


Citação:


Ayn Rand e os devaneios do coletivismo. Breves lições, Dennys Garcia Xavier. LVM Editora.  


A maioria dessas crônicas estão em áudio no meu canal do Telegram. Que se chama também Entretanto e pode ser acessado no link abaixo. Uma abordagem mais personalizada do texto na voz do autor. 


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