domingo, 25 de agosto de 2024

O pleonasmo da alma.

 

                                                       Image by Peter Schmidt from Pixabay.



 O pleonasmo da alma.



Assim, nessas circunstâncias efêmeras da existência humana, nos posicionamos no centro da atividade intelectual para um suspiro, enquanto todos os conceitos de ser flutuam em hipóteses aleatórias para construir o chão que nos sustenta no inevitável. Afinal, filosoficamente e permeado na estrutura da realidade ninguém pode viver por mim, mesmo que da repetição de erros se construa o objeto intelectual que venha a nos oferecer estorvo e controlar, as artimanhas humanas não decidem a espessura do tecido da realidade, essa condição se adapta independentemente de nós. Algo está sempre fora do alcance de nossas previsões, da nossa análise estatística do evento, e sempre se apresenta como o inesperado resultado definido como surpresa na estrutura da realidade. Talvez porque tenha de ser assim, provavelmente por acreditarmos que somos livres, mas não somos. E da angustia subliminar que habita em nós, desatinos perversos são construídos na estrutura da realidade. Para quem possui a capacidade de raciocinar, o instinto deveria ficar em segundo plano, mas hoje apenas se vê impulsos e desejos contemplados com benevolência destrutiva de sequazes que se beneficiam complacentemente de um período distópico. Há os que amam o sofrimento, especialmente o dos outros. Nesse caldeirão de suscetibilidades a ilusão se torna uma refeição gratificante para almas sem propósito. Então, será o conluio como desacerto que pavimentará o futuro do ensejo e dele se retirará a essência objetiva do que será um novo agora de forma implacável e audaz. O contexto estrutural da realidade é muito mais complexo do que se possa supor, e costuma ser cruel com a arrogância humana, que gosta de se estabelecer em objetivos impossíveis. Estamos assim, nesse intervalo de tempo entre sandices e desejos maléficos agrupados em coletividades artificiais de gerenciamento psicológico, onde o indivíduo foi eliminado para ser substituído por uma massa amorfa que recebe comandos de fora do seu arquétipo definidor de estrutura no seu papel social. Ortega y Gasset definiu: “A vida é intransferível. Ninguém pode me substituir nessa tarefa de decidir meu próprio fazer, e isso inclui meu próprio padecer, pois tenho que aceitar o sofrimento que vem de fora. Minha vida é, pois, constante e inescapável responsabilidade por mim mesmo. É necessário que aquilo que faço – portanto, aquilo que penso, sinto, quero – tenha sentido e bom senso para mim”. E assim, a vida é particular, não pode estar agregada a um mingau humano de conjunção, invariável na forma e que defina o que é bom para você. Sofrimento, alegria, tristeza o erro e o acerto são somente seus, e devem apenas ter em você o definidor de qualquer desses eventos, e não uma pantomima de gerenciamento de quadrupedes irracionais. Em grande parte, estamos nos sujeitando a uma animalização grupal imposta por políticas danosas quanto as liberdades de forma geral. O atributo dessa circunstância não é favorável à liberdade humana. Elementos de particular sordidez a compõem de forma sutil para criar uma inevitabilidade de procedimento, o resultado será o domínio do mal. Pairar aleatoriamente na superfície da insanidade foi o que nos restou, para gerar desconforto nesse agrupamento de procedimentos onde a usura exerce agiotagem psicológica numa maioria despreparada para conter essa força de opressão sistemática do sistema que se impõe. Somos então, nesse caso, a anomalia que tanto incomoda os que submetem os despreparados com nossa particular diferenciação intelectual. Afinal, estamos aqui justamente para isso, divergir do método e mostrar alternativas, expor uma intelectualidade que foi ocultada do povo justamente para que ficassem fragilizados nessa área. Conhecer o que produziram os reais grandes intelectuais da humanidade enriquece o sentido de viver e projeta no futuro um destino melhor. O que é verdadeiramente compreensível deve ser exposto intensamente para encalistrar o subterfúgio do que é aparente, encoberto por falsas premissas. Ocupar espaços de forma subliminar e aplicar uma estratégia ardilosa contra aqueles que se consideram mestres nesse jogo. Uma vez verdadeiramente absorvido, o conhecimento transforma e assim se cria o ambiente favorável para a liberdade. A conjectura dever ser trabalhada de forma a se viabilizar no contexto pretendido, e não se perder como suposições do que está além da linha do horizonte. Ser raciocínio lógico numa época de insensatez tem seus riscos, induz a um descarte social por não se adequar ao lugar comum do cotidiano perverso e deformado. Pois, no conjunto modelado a discrepância comportamental se torna um estorvo para o projeto de domínio.


Mas a solidão não é inconveniente. Ortega y Gasset estabeleceu: “só em nossa solidão somos nossa verdade”. E dentro desse abandono produzimos o que realmente interessa, o caminho alternativo por onde possa trafegar sem sustos a liberdade. As ocasiões se tornam o propósito e o tempo se encarregará de distribuí-las na estrutura do espaço para que mais adiante alguém possa acessar o bom conteúdo da história. Não lutamos pelo agora, o imediatismo não faz parte e nem tem presença preponderante nesse caminho. A energia que nos move não está sujeita a contenções e empecilhos de estratagemas que abarcam platitudes. Cingidos na razão e na lógica do universo, somos tão aleatórios e pragmáticos como se é possível ser. A sombra furtiva em paralaxe com essa realidade estrábica para desconforto de uma ocasionalidade banal. Recusamo-nos a ser massa, a perder a identidade, não aceitamos esse ultraje alegórico de uma ideologia bizarra que insiste em se tornar dominante. Não há vida em deixar de ser apenas para cumprir um desajuste comportamental vicioso. E até por isso deixamos para vocês o questionamento de Ortega y Gasset: “Mas em que sentido essa vida coletiva é vida humana?”. Isolem-se nos seus pensamentos e avaliem o contexto, não se permitam enganar e alijem a carga da artificialidade das incertezas.




Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ



Citação:

O homem e os outros José Ortega y Gasset Vide Editorial.  



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