domingo, 11 de dezembro de 2022

A minúcia abrangente.

 

                                              Imagem de Ri Butov por Pixabay.



 A minúcia abrangente.


Abrir fronteiras, transformar um entardecer em arrebol matutino em si e para seu próprio deleite nessa profundidade oceânica da alma, onde se oculta profundamente toda temporalidade existencial dos meus dias e de tudo que sou, o eu construtivamente adaptado a essa realidade cruel de ser, entre desvios e ilusões, entre subterfúgios e essa evasiva tenaz da razão, que tenta se render hoje a todo delírio artificialmente construído para corromper o real entendimento. A pressão do enigma sob o peso das incertezas ainda assim manipula a sensatez da ocasião. Este perfil comportamental montado por detalhes, talvez não tenha obliterado as sutilezas de uma criança que na véspera de natal de um ano entre as brumas do tempo recebeu de seu avô paterno, um alfaiate, uma mesa repleta de nozes, avelãs e outras coisas em relação a data em questão. Eu naquele momento só queria saber por que ele tinha uma mesa tão grande e também tinha um monte de bonecos vestidos de terno no seu ateliê. Estranho estar mais preocupado e curioso com o ambiente do que com o presente apetitoso, mas eu sempre fui assim. O velho alfaiate Antônio me fez um afago e prosseguiu com sua fita medindo modelos certamente sem ter a mínima ideia que aquela cena sobreviveria em mim muito além de qualquer hipótese por ele imaginada.


Terá sido aquele mergulho inesperado que culminou numa cicatriz que trago nos lábios até hoje, quando nos meus dois anos de existência minha mãe me colocou em cima da mesa para me vestir e eu simplesmente num desvio ocasional dela ao virar as costas mergulhei de cabeça no chão? Meu desejo infantil de voar não deu muito certo. E assim de sensações e emoções foram construídos meus dias, minha realidade, e hoje quando meu neto de cinco anos chega do colégio e diz que está apaixonado por uma coleguinha, e diz inesperadamente ao dono do estacionamento a placa do carro do pai dele, meu filho, e assim eu me encontro com o passado. Digo ao meu filho, não se espante você ainda terá muitas surpresas. Não fui um filho fácil de ser criado e entendido. Mas nunca tive essa rebeldia boçal da juventude, meu problema era e são até hoje a textura da realidade, dos dogmas, das premissas estipuladas, meu problema sempre foi o padrão. Se tudo teve origem no caos, para mim, a conclusão nunca pode ser a finalização, o último termo, principalmente onde tudo é infinita incerteza. Um ponto final deixa sempre de fora um universo de possibilidades, simplesmente porque não se pode especular e depois determinar a respeito do que simplesmente não se sabe que existe.


Sim, fui e sou o chato que não aceita bem conclusões, definições padronizadas sempre me incomodaram, na nossa eternidade não, para mim, as coisas apenas se acomodam no possível naquele momento, mas minha esperança sempre residiu no impossível, e espero que existam muitos por ai com essa minha característica peculiar. Esmiuçar um tema até que se consiga ir além de seus limites deveria ser o objetivo da civilização, e não a acomodação em retrocessos. A aceitação temporária do fato enquanto a enxaqueca óptica não permite o vislumbre correto do cenário, a ousadia intelectual sempre foi característica do ser humano, embora hoje, muitos trabalhem para incapacitar essa característica com ideologia em conserva. Uma produção em compotas, preservada da podridão através do tempo por zelosos e fiéis discípulos do absurdo. Aqui, eu uso um tom muito particular, mas considere isso abrangente, não tenho nada de exclusivo. Apenas cito com a intenção de despertar muitos que estão por aí e assistem ao espetáculo grotesco de ignorância que se desenrola. Um final de civilização ultrajante para todos nós, aqueles que ainda pensam apesar de tudo que é produzido para não pensar. Estamos construindo a era dos direitos e vontades, e nenhuma obrigação, qualquer devaneio se consolida como verdade embora não possua consistência real, o disparate virou regra.


A estrutura comportamental da humanidade está se deteriorando rapidamente. Conseguiram prender muitos na infantilidade psicológica do eu quero, eu posso. Hoje eliminam-se palavras porque supostamente são agressivas, tudo é ofensivo, tudo é racismo, tudo, de alguma forma é uma afronta e machuca psicologicamente. Um segredinho para os alienados de hoje. O EGO é construído por toda experiência, boa ou ruim, essa minúcia abrangente é a estrutura da personalidade humana e constrói ramificações que assim sistematicamente vão definir a pessoa como ela será a partir da dor e do amor utilizando o inconsciente como repositório de toda uma vida, mas principalmente e primordialmente da infância e juventude. Que tipo de humanidade desejamos para o futuro quase presente? Precisamos com urgência de mais Carl Jung do que Carl Marx.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992. CRA - RJ.  


Livros em formato E-Book👇



Atualidades e análise de politicas de controle de massas.

https://www.amazon.com.br/Cr%C3%B4nica-B%C3%A1sica-do-%C3%A2mago-Subjetivo-ebook/dp/B08CS7L53N



Novela ambientada no centro do Rio de Janeiro nos anos 70 estruturada de forma bem simples para dar representatividade a uma região, uma comunidade e seus moradores. Incluso contos Contextos da usura do Norte Fluminense.

https://www.amazon.com.br/Nacos-Morma%C3%A7o-Gerson-Silva-Filho-ebook/dp/B087ND2F17



Ou em formato tradicional, o livro de papel na Editora Delicatta Ou no portal da livraria Loyola👇


https://www.livrarialoyola.com.br/produto/nacos-de-mormaco-565832


https://editoradelicatta.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário