quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Um oceano de incertezas.

 

                                       Imagem de Gerd Altmann por Pixabay.



 Um oceano de incertezas.



Então, aqui estamos no limiar de um ano novo eivado de certas incertezas, o delineamento do futuro está pronto e não é bonito, nada presente nele indica sucesso ou prosperidade. Com uma equipe de gestão escolhida entre os melhores dos piores, temos o péssimo do péssimo, o próximo governo não proporciona o mínimo vestígio de êxito em alguma área do cenário no qual vai atuar. Mas como chegamos nesse desastre político? Como todo final de ano, se faz necessário uma retrospectiva dos últimos quatro anos. Essa gente que agora volta ao comando do país, foi expulsa do poder de forma retumbante por uma população farta de desmandos, desvios e incompetência, e como se faz este mesmo pessoal outrora desprezado e descartado voltar ao poder? Superando e muito qualquer incompetência anteriormente praticada. Vejam, não falo do campo econômico e de administração interna, mas sim do campo político. Colocaram fé em demasia na premissa que um governo com sucesso na área econômica não precisa se preocupar com mais nada. Será? Existiu realmente um sucesso econômico extraordinário para o povo pobre? Não! Ah, existiu a pandemia e coisa e tal, sim em alguns requisitos administrativos o governo que se encerra foi bem, mas permitir que o povo apanhasse de meganhas assanhados na rua simplesmente por sair para pegar sol deixa ressentimentos. Tenho minhas dúvidas se alguém que apanhou da polícia votou no Bolsonaro, foi no governo dele que essa aberração foi permitida. Este é só um dos tantos detalhes políticos desastrosos.


Em 2018, quando da eleição que o povo realmente mostrou indignação com toda essa gente que agora volta, qual era a opção de algo totalmente diferente que se apresentava com alternativa? O Bolsonaro era o cara parado - na estação - ferroviária quanto o trem passou, nada de especial nele, apenas um lobista obscuro de militares, que vivia as turras com extremistas de esquerda no parlamento. Péssimo de articulação política, um zero a esquerda em critérios de relacionamento. De forma muito improvisada conseguiu vencer, tal era a vontade de mudança política que o povo alimentava, ele era o único em oposição total a tudo o que fazia mal a nação. Venceu, assumiu com um discurso reformador, naquele momento específico ninguém sabia que ele era apenas um tosco boquirroto garganteador, um fanfarrão. Com um capital político imenso, com todo o poder que possuía em início de mandato, o primeiro sinal preocupante foi dado, recuou na nomeação do comandante da polícia federal. Afinal, o valente não era isso tudo, e assessorado por positivistas pusilânimes e apaziguadores foi gradativamente perdendo consistência no mundo político. Tudo indica que não raciocina por si mesmo, mas alugam a cabeça dele. Não tem estruturada uma personalidade forte e altiva, aquele requisito que decide e enfrenta as adversidades. Um cérebro de aluguel onde oportunistas fizeram a festa. Mal aconselhado foi desfazendo a equipe de governo inicial e que foi vitoriosa assim substituindo por gente de procedência duvidosa, até chegar no cúmulo de se alinhar ao Centrão, neste ponto, o delineamento da tragédia já estava consumado. Mas ainda faltava o toque final para o mundo político que não quer vencer, começou a atacar seu próprio eleitorado: “quem não estiver satisfeito que vote no Lula”. “direita burra”.


Para isso, construiu uma tropa de choque virtual para perseguir qualquer um que discordasse da agenda ou ousasse criticar os movimentos políticos inadequados e inconvenientes. Eu particularmente confesso, nunca vi um político atacar seu eleitorado, para mim foi algo inédito e surreal. Todas essas ideias “brilhantes” só podem ter saído da cabeça de alguém que não possua nenhum traquejo político, um caminhão caixa seca no relacionamento humano, e quem mais se enquadra nesse perfil? Um general. Claro, Bolsonaro como militar, - um capitão -, certamente prestava e presta reverência a eles os generais, natural, é inerente ao sistema de castas militar. Tem um enorme peso essa dependência psicológica. Podemos até afirmar que foram os generais que realmente governaram, sem muita margem de erro. Não tenham dúvidas, foi por influência deles, os militares que chegamos nessa situação constrangedora. O que inconscientemente leva a grande parte da população indignada com a volta do grupo que foi expulso do poder a quatro anos de forma incondicional à porta das unidades militares pedindo uma solução. O velho ditado: “quem pariu Matheus que o embale”. Muitos já perceberam que o Bolsonaro não é o que dizia ser, e apenas não querem a volta do sombrio staff socialista. Mas sim, existe ainda e apesar de tudo um alto grau de idolatria. Um líder político, por pior que seja sempre terá seu curral, seu séquito de adoradores específicos. Assim, nesse oceano cheio de incertezas vamos para mais um ano novo, com uma parte da sociedade, aquela parte que comanda, essa quase que totalmente dominada por ideologia e submissa a poderes externos, instituições dominadas por positivismo colaboracionista e o povo no meio disso tudo, o povo ainda por incrível que pareça esperançoso por manutenção da liberdade democrática. A verdadeira democracia, não aquela que habita a boca suja de socialistas, que serve apenas como um rótulo para disfarçar o arbítrio mais brutal. Fizeram assim tudo errado, subestimaram o adversário, não entenderam que para eles, somos inimigos, e existe uma sutil diferença nessa abordagem. O adversário você luta contra ele, o inimigo você destrói. Nessas sutilezas nos perdemos, por falta de competência e por acreditar em ilusões.



Todo equívoco tem um custo e acredito que teremos que pagar. Arcar com o peso desse desassossego que estará presente nesse ano que se inicia. Decisões erradas, respostas erradas, perderemos liberdade, direitos e talvez até a saúde e a vida, o futuro é construído no presente, tenha cuidado com o que faz agora, essa atitude repercutirá em ressonância infinita através do tecido do tempo. Essa trama complexa não admite frivolidade e sim respeito, ou logicamente nos devolverá como fruto o resultado das nossas ações e escolhas. Hoje existem aqueles que querem e sonham moldar o futuro de acordo com suas crenças e convicções, pois bem, a natureza humana e o imponderável não gostam de decisões arbitrárias, no fim o caos se impõe abraçando a todos, frágeis e poderosos, arrogantes e humildes. Feliz ano novo! Feliz 2023! Lembrem-se a incerteza é o alicerce da ciência e da sabedoria. Combatendo-a evoluímos.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.



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