domingo, 25 de dezembro de 2022

O novo utilitarismo.

 

                                         Imagem de Dimitris Vetsikas por Pixabay.


O novo utilitarismo.


Hipóteses bailam em horizonte opaco do entendimento. O que exatamente fazer quando boa parte dos que te acompanham na jornada estão fora da faixa de compreensão da realidade e assim por arrasto nos levam, em grupo para um profundo abismo? Alguém já disse que a ignorância é uma benção, deve ser mesmo, pois permite não vivenciar o estresse de quem realmente pensa e sabe antecipadamente que se não existir correção de rumo o desastre se torna inevitável e se consuma. Eu sinceramente gostaria de falar de esperança, de boas novas, de planejamento e construção, porém as nuvens no limite visível e a mudança de vento não colaboram para a estruturação em mim de algo positivo para o momento. Uma vez livre da manipulação dos grupos de interesse e domínio representados pela mídia e seus canais que produzem a alienação, se torna possível enxergar o que essa gente tanto luta para esconder, e não é bonito. Os serviçais desse interesse maior, muitos também não sabem, não possuem a devida compreensão para exatamente o que estão trabalhando, na sua perfilagem programada se entregam a tarefa sem uma mínima análise de contexto, sem raciocínio a cerca dos resultados possíveis, a crença estruturada que lhes dominou o inconsciente já não permite supor alternativas e correções, no máximo vagam nos corredores do labirinto cognitivo onde foram aprisionados.


Este vórtice ideológico lhes engoliu a análise do cenário, o método do conflito dialético onde se estabelece a síntese da ideia ultrapassou este horizonte de eventos programado e mergulhou no buraco negro, o analiticamente preditivo foi descartado, nada há o que antecipar e se precaver, tudo acontece conforme o plano, a possibilidade morreu dissolvida filosoficamente e fisiologicamente em ácidos estomacais ideológicos. A ponderação saiu da equação, não se trata mais de incapacitação puramente intelectual, ou desconhecimento, porque passou a ser uma questão de fé. E a transcendência que isso dá fornece o abrigo perfeito para qualquer ousadia que venha agredir a textura da realidade. Neste nível o convencimento não é mais possível, apenas uma catarse pessoal ou coletiva provocada pelo desastre em si, talvez consiga proporcionar uma libertação do transe onde habitam a maior parte da sociedade. A dor do contato com o áspero tecido da realidade pode provocar um despertar de consciência, mas certamente à custa da sanidade psicológica. Pois uma vez, e depois de anos habitando um desvio, o rumo certo pode parecer assustador. A sensação de inadimplência com o passado enraizado na alma pode ser devastador para muitos que por acaso consigam escapar. Estas correntes de uma doutrina não são fáceis de quebrar, e por isso mesmo a maioria prefere se manter na zona de conforto da negação da realidade para evitar a náusea do mundo real.


Conheci e conheço muita gente, capacitada, com formação acadêmica, versátil profissionalmente, capaz de se destacar na sua atividade mas que infelizmente habita este limbo construído ideologicamente para aprisionar almas. A realidade deles está situada em um mundo construído para se opor a realidade, e sendo assim criam o conflito interno que extravasa para a sociedade e atinge a todos. Quem não faz parte desse delírio não entende, claro, a lógica do mundo real sente a agressão. Mas na certeza pessoal consolidada no seu universo particular essa gente luta para desconstruir a verdade e instituir assim um desejo hipotético e ainda não comprovado de mundo ideal. Tudo para essa gente tem de ser proposto conforme vontades e o saciar de sonhos. O impacto social, econômico, administrativo e organizacional não possuem mais relevância se for para estipular uma nova regra exótica para atender uma necessidade de conveniência. Até a exatidão da matemática agride essa gente. As regras de livre mercado, empreendedorismo, o sucesso ocasional fruto da competência e do mérito pessoal passam a ser intoleráveis. Um desequilíbrio, segundo eles, profano, alguém ter sucesso na vida porque foi mais dedicado no seu trabalho e na gestão de seus recursos. O mantra da turma é igualdade, para que ninguém se sinta diminuído. Como se todos nós fossemos vasos de barro numa olaria esperando para sermos embalados. A coisificação é a meta, e essa gente acredita de corpo e alma em tudo isso.


Mas claro, nós que pensamos ainda, sabemos que isso é para os medianos e para os pobres. Os poderosos e ousados metacaptalistas têm outros planos. Eles conseguiram colocar os comunistas, pasmem, com toda sua densa formação ideológica de Marx a Lukaks, Jean-Paul Sartre, até a Escola de Frankfurt para trabalhar para eles. Os massificadores de sociedades viraram empregadinhos de hipermilionários com sonhos de construção de um mundo melhor. Bom, nessa tara eles possuem algo em comum. Conforme aquela expressão que se popularizou, que deselegante! Marx teve o trabalho de escrever O Capital em vários volumes para sua turma acabar escrava do capital. Os magnatas colocaram coleiras nos comunistas e os usam para estruturar o mundo conforme a vontade deles. Um destino merecido para os proletários de boutique que adotam o discurso da indigência coletiva, mas onde muitos têm na garagem um baita utilitário 4 X 4 e mais um Sedan top de linha para revezar. Ah, e passam férias na Flórida ou em Paris. A residência desses proletários sofisticados geralmente tem piscina, ou moram em condomínios onde a taxa gira em torno dos dois mil reais. Nada que uma sinecura não garanta, afinal tudo pelo companheirismo inclusivo, punho cerrado para cima pessoal! A maioria nunca pisou numa vala negra de uma comunidade carente, mas os magnatas vão lhes proporcionar isso com certeza, eles só não sabem ainda, São úteis por enquanto. E quando a utilidade do idiota acabar... Bom, os dias de delícias não existirão mais. O objeto tem de ser útil, e se não for será descartado. Com uma ligeira adaptação do Utilitarismo de Stuart Mill para as necessidades da verdadeira elite, certamente teremos o expurgo dos desnecessários. Uma vez que não poderão mais agir, segundo as palavras do próprio Stuart: “agir sempre para produzir a maior quantidade de bem-estar”, se tornam inúteis.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.



Citações:


John Stuart Mill foi um filósofo e economista britânico. É considerado por muitos como o filósofo de língua inglesa mais influente do século XIX. Fonte Wikipédia.



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