terça-feira, 6 de dezembro de 2022

O que poderia ter sido.

 

                                                     Imagem de Edyta Stawiarska por Pixabay.



O que poderia ter sido.



Nessa dança do nada com coisa nenhuma, do meu íntimo, desejo deixar esse registro para a posteridade, se ela conseguir existir. Saibam de algo, o amalgama da destruição está na pusilanimidade, essa aglomeração de medos, este hesitar irresoluto de agir com receio das respostas nos levarão – e para quem ler isso posteriormente – nos levaram a completa destruição de um modelo de vida. Aproveitando-se de uma construção social programada por décadas a fio, uma parcela dessa sociedade, os que tiveram maior sucesso econômico e cultural resolveram reestruturar a existência conforme conhecemos até aqui. Ainda não se sabe exatamente onde isso vai parar mas analisando o perfil do cronograma, poucos de nós, hoje em plena existência restarão para dar testemunho do que foi feito, ou até nenhum de nós. Digo isso devido principalmente a minha saúde frágil, minha idade, e por não pertencer a nenhum grupo considerado preponderante por estes “escolhidos” arbitrariamente na sociedade por características específicas. Sou apenas um ninguém com razoável padrão cultural.


O agora está confuso, ideias com escopo imbecilizante prosperam e são aplicadas sem grande resistência, tudo gira em controle centralizado, no fim da pulverização do poder criado pelo instrumento chamado democracia, que distribuiu o comando dos destinos da humanidade até aqui. A previsão do filósofo Platão na antiga Grécia parece que irá se consumar “Nascerá a tirania da democracia do mesmo modo que esta nasceu da oligarquia”. Tudo bem, ele não era um amante desse sistema distributivo de poder, ele era um aristocrata, e seu mestre Sócrates morreu principalmente por combater a democracia. Ele acreditava em governo dos melhores, deve ser isso que os que se arvoram “melhores” hoje querem implementar como diretriz mundial. Retirando alguns séculos de evolução, e até milênios, estamos nós aqui novamente filosofando se podemos existir, ou não. Ele, Platão também disse: “um Estado nasce da necessidade dos homens”. Creio então, que de nós homens, surgiu o que irá nos destruir.


E assim prosseguimos nessas entranhas metafísicas, expostas para o escrutínio de supostos sobreviventes dessa insanidade no futuro, que existiu sim, raciocínio lógico fora da camada social opressora e reformadora que tomou conta do poder e do discurso no início do século XXI. Embora a maior parte da sociedade apenas se preocupe em existir e viver sua vida sem maiores problemas, trabalhando, se reproduzindo e construindo seu dia a dia, sem se importar com o que acontece a sua volta, uma boa parcela dos candidatos a eliminação pensam mais profundamente e desenvolvem cultura e enxergam o que algo terrível está em curso. A propositura infame e seu odor maligno não escapa do olfato dessa camada social, que embora tenha sido incluída para descarte também, não se permite absorver a trapaça inconcebível estruturada por poucos para eliminar muitos. E assim temos de volta Platão: “a humanidade inteira repete em coro que a temperança e a justiça são boas, mas penosas e difíceis de praticar”. Se os poucos líderes que nos restaram, dando representatividade à liberdade se preocuparem muito com situações penosas e difíceis, realmente estamos condenados.


A situação histórica exige sacrifício, determinação, enfrentamento. Se lideranças se acovardarem, e se os que podem ainda ressaltar isso, essa temeridade não mais latente mas exposta para quem tem vontade de enxergar, vamos sim para o precipício. Onde uns se jogarão com prazer, porque enxergarão uma passagem para um mundo melhor, mas uma parcela realmente informada saberá que se trata apenas de uma eliminação de discordâncias, usando bastante eufemismo para colocar a questão. E assim teremos o mundo planejado pelos novos aristocratas, livre da plebe ignara, dos estultos inconvenientes e de desvios de opinião. E então, chegamos ao que poderia ter sido, e agora não existe mais. Eliminada a diversidade, só posso deixar aqui uma velha saudação de gladiadores romanos: “nós os que vamos morrer o saúdam”. Foi bom ter existido nesse intervalo de espaço e de tempo com vocês. Até a próxima vez.

Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992. CRA – RJ.


Citação: Platão, A filosofia de Platão, coleção os grandes filósofos por Will Durant. Ediouro ano 1980.



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