quarta-feira, 19 de abril de 2023

A língua nervosa.

 

                                              Imagem de Nanne Tiggelman por Pixabay.



A língua nervosa.



A morte e a vida estão à mercê da língua; os que com ela se deleitam sofrerão as consequências.


Provérbios18:21.



Na periferia de Pindorama existe um reino chamado Bananalância, é isso mesmo, uma mistura de bananas seu povo, com melancias, seus militares. De espírito inquieto, talvez aporrinhado com os furúnculos nas suas velhas nádegas o mandatário principal, puro extrato tardio de um fruto podre dos sertões interioranos e secos do referido país, procurava constantemente se afastar da origem humilde que um dia teve. As ocasiões indecentes de eventos obscuros o haviam trazido até o poder máximo. Fingindo trabalhar aqui, alcaguetando um companheiro ali, assediando a mulher de amigos ocasionalmente, de esquina em esquina se desvencilhou dos obstáculos e enfim conseguiu ser considerado a joia da pátria. Caiu nas graças de intelectuais de ocasião, aqueles que margeiam o semianalfabetismo clássico de uma geração que se considera o máximo sabendo o mínimo. Então, sinecuras se coçam toda vez que o padrinho sorri e arrota aquele característico teor etílico na face de seus fiéis seguidores, que salivam de prazer com o odor semelhante a um flato ruminante. Porque se faz necessário manter o bom status, e se pairar alguma dúvida no amor que devem nutrir no interior de seus decadentes corpos estagnados, a boa vida pode repentinamente acabar. O rei exige submissão completa, e não apenas uma submissão fria e protocolar, mas uma submissão apaixonada, ele é carente desde os tempos de porta de fábrica, quando embriagado dormia com a boca na sarjeta. Os amigos daquela ocasião ainda não o viam com algo interessante o suficiente a ponto de receber atenção. Mas cá estamos para analisar uma das características mais insinuantes, para ser eufêmico na questão, a língua do rei. Sempre impertinente, sem freios margeando a ousadia na fronteira da ignominia afrontosa e inculta sem nenhum vestígio de ser bela fazia chover perdigotos contra seus desafetos políticos, enlameando o caminho de qualquer um que tivesse a ousadia de pensar diferente. Bananalância tem suas peculiaridades, um povo indolente, escorregadio, e malemolente ao extremo, que faz da malandragem uma instituição nacional. Pode-se ver assim que o rei tem a quem puxar, não é uma exceção na regra. Ele é o exemplo clássico do seu povo, só teve mais sorte do que a maioria e foi mais malandro. Uma fatia do bolo cortada com exatidão. Aqui, neste plano de existência um coeficiente de inteligência 80 está na categoria gênio. A maioria que compõe o séquito do monarca não sabe amarrar os próprios sapatos.


Eu sei, não é um cenário favorável, mas pense nas oportunidades únicas para quem vem de fora. Um paraíso, sem muito trabalho de negociação, se compra qualquer um, de uma cultura sem inibições quanto a venda pessoal inescrupulosa, aqui a honra e a moral respeitosa, a ética já morreram tem muito tempo, se sobrou algum vestígio este está refugiado em algum lugar muito seguro para não ser eliminado. E assim, completamente à vontade, nosso altaneiro língua nervosa governa sem obstáculos, nem é preciso mencionar que todo sistema legal por ele foi comprado, nenhum movimento hostil existe desse segmento, ao contrário, de tempos em tempos o que surge é uma decisão assanhada para chamar atenção do rei, todos querem mais destaque, é da vida. Quem não quer uma indicação fortuita a um cargo melhor. Neste peculiar país todos ou ao menos a maioria tem preço, e não se furtam a agir em seu próprio favorecimento caso necessário, o respeito ao companheiro do lado só dura até ele se tornar um obstáculo ou simplesmente se for vantajoso queimar alguém para conseguir destaque. A desídia construtivista age com sua experimentação filosófica na atividade de sua preguiça epistemológica, perdida entre postulados transversais à realidade pura. Não se engane, aqui, neste país, nada tem a mínima chance de dar certo, e seu líder amado é apenas o espelho de tudo isso. E com todas essas características o guia te todos se torna ousado, e em relações internacionais fere antigos aliados e favorece inimigos do seu antigo amigo. Da periferia política do mundo o nosso língua nervosa, sem ter conhecimento profundo do cenário e nenhum trejeito diplomático sai opinando e desfazendo velhas alianças sabe-se lá exatamente porquê. Convenhamos, ele vive sem limites, e vaidoso como é de forma grotesca e estabanada procura obter relevância no cenário internacional. A turma do gargarejo oficial aqueles que o bajulam ao extremo ajudam a inflar o ego do demiurgo. Gênio! Gritam os vassalos domesticados no seu frenesi costumeiro do seu perfil psicológico de servidão. Talvez o fanatismo não  faça ser percebido o ridículo de ser assim, mas convenhamos, merecem. E nesse ritual faraônico de culto à personalidade o dito rei sai importunado velhas alianças estáveis a troco de protagonismo. É uma necessidade dele, um desejo incontrolável como uma fome com pertinácia que o atormenta no âmago do seu ser. Afinal, um deus tem de ser reconhecido. Porém, entretanto, todavia, desafiar velhos aliados, fortes e preponderantes aliados pode ter suas consequências.


 E assim, repentinamente na margem fortuita de uma ocasião vadia, no meio da estabilidade absoluta, proporcionada por seu controle total de todas as instâncias do poder, algo surge para interromper a plácida calmaria da superfície do lago. Supostamente e circunstancialmente alguma coisa acontece para intrometer a paz do contexto, algo que estava guardado em segredo é revelado, e justamente pelo setor que supostamente estava sob controle. O raciocínio é livre e hipóteses podem ser consideradas, mas eu pessoalmente não acredito em coincidências, principalmente logo após uma performance desaforada e impertinente no cenário internacional, onde forças colossais se enfrentam e cobram lealdade. E assim balança a paz em Bananalância, onde seus frutos podem virar geleia ao serem expostos por seu rei ao calor e da ausência da proteção caseira do seu domínio. Pindorama já cuida das suas extensas fronteiras com Bananalância, pode acontecer fuga através da fronteira, sabe-se lá se o evento foi apenas um alerta, ou a operação visa cassar e caçar o rei. Então, nesse calor topical onde neurônios cozidos em suor pleno e sob um sol insano estamos vivenciando uma ousadia presepeira que chamou a atenção no momento inadequado com opiniões boçais. Vamos aguardar os próximos capítulos, pois aqui neste país exótico o tudo e o nada são vizinhos intercambiáveis. Ave Língua nervosa! Qualquer semelhança com algum cenário real terá sido um uma descarga energética indevida de suas sinapses. A fantasia é um labirinto excitante que costuma invadir a alma ousada. 



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 – CRA – RJ.


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