sábado, 22 de abril de 2023

E se fossemos apenas isso?

 

                                              Imagem de Julia Haya Vigo por Pixabay.


 E se fossemos apenas isso?


Bom, hoje o papo muda de escopo e se situa no imponderável amor, sim, eu também sei falar um pouco disso, embora tenha sido mastigado pela vida e vivendo no após entre cacos e remendos na minha tênue estrutura existencial, não fujo do compromisso, afinal, a textura louca na qual nos envolvemos na ocasião que o melhor de todos os sentimentos acontece, permite que sobreviva uma essência flutuante na alma mesmo depois que o sol se ponha e com isso se perca a melhor intensidade de um sutil rastro de luz residual para aplacar a dor de um fim. Nós aqui na abissal língua portuguesa nos especializamos em sentimento e nada poderia explicar melhor do que a sutiliza da saudade revestida de argúcia para impelir o tempo do que passou rumo ao presente, para assim imprimir novamente o conforto no escasso sossego de uma alma ferida. E embora isso possa parecer perfídia, novamente aqui estamos revivendo impossivelmente algo que não mora mais no contexto, porém pesa absurdamente neste tecido incorpóreo da ocasião. Seria preferível não sentir? Mas sem sentir não teríamos sentido nem rumo, jamais criaríamos história nesse histórico pessoal e intransferível de ser por ser, essa existência que doí apenas por ser sentida, nessa etapa aturdia e diferenciada dos demais desejos que se entregam a aleatoriedade robusta do contexto. Presenciamos momentos onde nos perdemos e nos prendemos, tudo por esse amor que um dia foi material, mas que o tempo e as circunstâncias suprimiram de alguma forma sem que ao menos tivéssemos a oportunidade de dizer adeus.


E nesse tudo com uma circunstancial e incômoda sensação de nada, me permito viver novamente tudo o que foi, e tenho ainda a ousadia de tentar extrapolar uma mudança inconsequente, como se fosse possível trabalhar com a ausência de algo ou alguém que não pertence mais ao cotidiano, mas, no fim o que custa margear o impossível se é possível sonhar no limiar da sensação presente? Talvez seja essa desconfortável memória, que me traz o passado para o agora, como se fosse um assédio do tempo que atormenta minha alma com aquilo que já passou. A lembrança pode ser deliciosa, mas também insuportavelmente cruel. Ela não permite mudança de contexto, não é possível recompor fato passado, e a correção se torna impossível dentro da estrutura do tempo. Este tempo que passa sem controle levando o melhor de nós. Seria necessário atitude? Mergulhar plenamente no âmago de um amor que se foi para a partir dai viver várias vezes o momento? E os detalhes destrutivos? A circunstância sempre se apresenta completa, com o belo e o feio, o amor e a dor da relação, não há meio termo, se quiser provar o abstrato da conjuntura, terá tudo de volta. Valerá a pena? Neste conflito prosseguimos, porque amar demais tem consequências e nem sempre obtemos de volta a intensidade que seja proporcional à entrega. Dar-se em demasia deveria vir com uma bula, um alerta, você vai se machucar. Não adianta depois ter uma atitude performática e dramática, recolha seus cacos e se reconstrua porque nada mais será como aparentemente sempre foi. Mas enfim, o que seria dos poetas se não existisse a desilusão e a paixão? De onde retirariam as estrofes encharcadas subliminarmente e as vezes nem tanto, de todo sentimento que encontrou seu par ou daquele que sofreu rejeição? Pois dentro do multifacetado existir companhias se vão, amores se apresentam e se despedem, relações se rompem e distâncias aparecem onde tudo deveria ser um abraço.


E se fossemos apenas isso, ter de ser tolerância, assimilar a dor de amar para assim curtir a sensação plena da entrega ao outro, para viver rotineiramente a paixão. Seria possível? Amar tão intensamente que nos perderíamos individualmente para assumir uma nova forma de viver? Entraríamos em conflito direto com outra espécie de amor, o amor-próprio. Porque se amar, gostar amplamente de si e não aceitar invasões premeditadas de quem apenas planeja domínio, é um movimento de defesa, ser benevolente porém jamais entregar seu castelo ao controle externo. E disso se constrói o fim na maioria das vezes. Pois na textura de um amor encontram-se diversos cenários, e um deles é o rompimento. Onde mora todo ressentimento e toda dor sem fim do fim. O primeiro tijolo da construção chamada discórdia é assentado no procedimento invasivo, naquele comportamento que extrapola o amar verdadeiramente e passa a ser posse. E a não ser que algum distúrbio ou desequilíbrio psicológico exista, ser objeto não é algo que vá estruturar um amor. A coisificação não junta, espalha se transforma em um eficiente dispersante de sentimentos que com o tempo serão substituídos por ressentimento e a busca lógica de alguma alternativa para sobreviver. E sobreviver também e amor, porque quem não se ama não será capaz de acomodar-se em outros corações. De forma afetiva, de forma carnal de substancial percepção do amor, porque sem referência a jornada se torna difícil, os caminhos se misturam na amplitude da realidade, e assim armadilhas ocasionais serão talvez o destino de quem não sabe exatamente o que é o amor. Então, apenas ame e não espere sossego, pois o amor traz consigo essa parcela impertinente de desassossego e isso faz parte do amar e se deixar levar na força de uma persuasiva onda, que tem seu momento. Se encorpa, adquire impulso e explode contra o rochedo imprimindo sua força na pedra bruta até que todo limite possível seja alcançado e assim a rocha se desfaça como a areia de uma eterna e paradisíaca praia. Onde os destroços desse magnífico encontro jazem eternamente E se fossemos somente isso?



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.


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