sábado, 8 de março de 2025

Explicitando ausências.

 

                                                 Image by Villus Kukanauskas from Pixabay. 




Explicitando ausências.




E assim, filosoficamente atrelado a essas circunstâncias caminhamos entre o que é impossível para ser submisso e a hipótese com seu perfil amórfico para companhia nessa realidade. A vida meu caro, fica complicada para quem não está preparado para ela. E isso inclui hoje se adaptar a decadência da civilização. Não existe mais elegância no cenário, o rodapé da alucinação nos circunda e determina os seus limites específicos para que percamos a vida entre premissas abjetas apenas para controle social, e sendo assim a ausência psicológica transforma-se em sublimação para que transbordemos pela beira da ocasião que se mostra corrosiva a todo e qualquer bom propósito. Não faz mais sentido a realidade, a textura complexa da ocasião se corrompeu com ignominias e nada restou para proporcionar um afeto ocasional para que os sonhos possam repousar em algum intervalo benéfico para assim se tornar saudável. O passado nos resta, para os que ainda o possuem, uma rapsódia, um fragmento do ontem , onde ainda existia romantismo para vestir nossa alma. O que foi, se tornou agora o bastante, um arquétipo alongado por esperanças como simulacro em um mundo mais confortável para ser nosso. Tudo isso porque nosso destino é escapar, fugir para enfrentar pois tudo que se torna oblíquo confunde, como um eufemismo ardiloso que se põe na superfície para iludir e amortecer o impacto daquilo que se quer. Tudo o que se precisa saber do que acontece hoje é: não existe sofisticação, tudo é rudimentar entre platitudes e raciocínios exóticos embalados em pura gafe do ensejo baldio de mentes empobrecidas. Não há muito o que fazer onde não há base cultural e intelectual para uma assimilação do bem. Apenas o que é possível fazer é uma gestão sanitária do conteúdo apresentado, como uma estação de reciclagem, teremos que selecionar essa gente em categorias, o que se deve fazer com cada volume. Quebrar o paradigma será necessário, e não se intimide de ser ridículo, conforme definiu Albert Camus: “Todas as grandes ações e todos os grandes pensamentos têm um começo ridículo. Muita vezes as grande obras nascem na esquina de uma rua ou na porta giratória de um restaurante”. Tudo aquilo que hoje chamamos de “insight” surge sem pedir licença. E com isso, essa capacidade superior de compreensão e raciocínio que vamos trabalhar, não se preocupe, do outro lado essas coisas não acontecem se faz preciso e necessário um avançado nível de cultura e inteligência abrangente para possuir essas ofertas mentais a respeito de algo inovador, o que se torna impossível em ambiente empobrecido por baixo padrão cultural. Parecer ser culto não produz novas ideias, aparências e diplomas não contam nesse nível. Se trata de uma relação temporal com o aprendizado através de muitos anos de estudo sério. A lassidão peculiar do extremo o impede de um raciocínio mais sofisticado, o exemplo se vê rotineiramente nas atitudes de comando e gerenciamento equivocadas e repetidas sistematicamente. Entre ausências de razão e propostas absurdas deve-se ficar com o inesperado e nada mais inesperado do que o absurdo. No nível de análise dos conceitos onde a hipótese que parece correta, deve ser mesmo a correta, existe simplicidade na verdade. Mas ainda assim se faz necessário trafegar pelo imponderável, submergir no âmago da evidência para fazer dela um corpo verificado em suas minúcias para assim impor aceitação entre os pares. Albert Camus prossegue: “A questão é reconciliar-se e, nos dois casos, o salto basta para fazê-lo. Sempre se pensa erroneamente, que a noção de razão tem um sentido único. Na verdade, por mais rigoroso que seja em sua ambição, o conceito não deixa de ser movediço quanto aos outros. A razão tem um rosto totalmente humano, mas também sabe voltar-se para o divino”. Se tem um lado humano, a razão pode falhar, mesmo que ainda assim possa levar a um lado divino. E voltando a a Camus: “ O absurdo é a razão lúcida que constata seus limites”. Para fazer uma autópsia na razão e preciso não ser razoável, penetrá-la em seus detalhes submissos muitas vezes há critérios errôneos de origem o que a torna imponderável e sujeita a influências exógenas a seu corpo e composição final. Enfim, atitudes pouco exploradas até suas raízes costumam projetar péssimos resultados, mas isso não passa de lugar comum para despreparados mentais, e o que mais se tem nos governo hoje é isso, gente que não entenderia uma análise combinatória, sabe, aquela matemática básica que foi negligenciada no passado mas oferece ao cérebro recursos operacionais fantásticos. Quantas vezes escutei: estou aprendendo isso aqui para quê? Aprendiz! A álgebra que você acha inútil, produtos notáveis etc. Vão ajudar seu cérebro a entender o mundo. Como raciocinar estatisticamente sem saber nada disso? O pulo do gato, o “insight” mora nesses detalhes. Voltando com Albert Camus: “Não há fronteiras entre as disciplinas que o homem emprega para compreender e para amar. Elas se interpretam e a mesma angústia as confunde”.



Nas sutilezas cósmicas e enigmáticas do que nos constitui existe algo que grita; você é livre! Foi feito para a liberdade e nada pode se opor a essa verdade. A plenitude do ser apenas se completa quando não há limites para sua realização pessoal, respeitando o seu próximo todo o resto se compõe de particularidades genéricas de um cotidiano livre e sem obstáculos políticos que o impeçam de realizar suas vontades. O ser humano é um animal político por natureza, mas tem se deixado dominar em demasia por essas decisões coletivas que buscam soluções de grupo. Porém, o indivíduo é o relevante, aquele que detém a realidade, e apenas por acordo e não por coação deve aceitar algum tipo de submissão momentânea que surja por necessidade circunstancial. Qualquer anomalia nesse campo deve ser combatida e eliminada pelo bem de todos e para a segurança individual do cidadão. Temos que entender que uma democracia a principio não foi criada para o bem de todos, mas de apenas um grupo de privilegiados, o restante da sociedade apenas obedecia o que esse grupo seleto escolhia como padrão de vida a partir daquele momento. Uma sutil evolução se compararmos ao poder imperial, onde todo o poder emanava de uma única pessoa, em alguns casos, elevada a condição divina. O poder passou para os filósofos, os comerciantes, os artesãos e os militares, todo o resto da sociedade não possuía qualquer influência decisória. Com o tempo, aconteceram flexibilizações, mas o desejo de concentração de poder ainda existe, e hoje estamos de volta ao passado. Com direitos e seguranças constitucionais suprimidas por um grupo privilegiado. Coisa antiga, com cheiro de mofo. Existe nesse contexto uma ausência explícita no ar, é perceptível, tem massa crítica densa e volumosa, a falta de ética. Para registro histórico é preciso deixar explícito o que acontece, pois os resultados podem ser muito ruins e no após vão procurar os motivos, todos sabem, que depois resta apenas o trabalho arqueológico para apurar o que motivou o fim.




Gerson Ferreira Filho.




Citação:



O mito de Sísifo. Albert Camus Editora Record.  


A maioria dessas crônicas estão em áudio no meu canal do Telegram. Que se chama também Entretanto e pode ser acessado no link abaixo. Uma abordagem mais personalizada do texto na voz do autor.

https://t.me/gersonsilvafilho


A seguir os livros e os links para comprá-los  na Editora Delicatta.

https://editoradelicatta.com.br/



Lançamento já disponível para compra na Editora Delicatta. Trezentas páginas das crônicas mais recentes com os mais variados temas como sempre.





Nenhum comentário:

Postar um comentário