sábado, 27 de maio de 2023

O instante sem fim.

 

                                                      Imagem de Engin Akyurt por Pixabay.


 O instante sem fim.



Então, assim nesse pleonasmo que anuncia em redundância nossa tragédia de fim de ciclo, prosseguimos como um poeta pernóstico que oculta seu sofrimento nas redondilhas ocasionais que ainda surgem no epílogo das circunstâncias que restaram de um tempo onde a esperança se fazia presente em todo amanhecer. Porque a tez de toda tarde cai em penumbra na ausência da luz que se põe em repouso, até a próxima aurora que invadirá um novo dia de expectativas caridosas para que assim surjam premissas entre os ruídos do atrito de hipóteses, e ensejos desditosos que pautam o nosso futuro. Hipoteticamente debruçado no infinito, na margem estreita dessa nomeada abóbada que supostamente sustenta-se em argumentos parnasianos rigorosamente estruturados para a perfeição da forma, aguardo o colapso social que ainda se esconde do mundo real, esgueirando-se nas frestas do cotidiano, a ação e o movimento iludem. E o somatório de inanidades precisa de tempo adequado de fermentação para se apresentar como realidade. Lá fora, na turbulência frenética de existências paralelas, a multidão não se dá conta de que vive numa criteriosa armadilha, a vida segue perfeitamente normal até agora. O cotidiano entorpece na essência de sua rotina estipulada por padronização comportamental. O despertar, o trabalho, o amor e o entretenimento, dia após dia episodicamente estabelecido como o conforto de um padrão. Onde o inesperado acontece apenas como uma anomalia cirúrgica na composição da realidade. Afinal, viver à certeza crua suscita monotonia no arcabouço da realidade. Eu particularmente abrindo um parêntesis metal no raciocínio, nunca gostei desse sincronismo exato de ocorrências, sempre procurei a ousadia do desafio impossível. Sim eu sou complicado ao desafiar a conjuntura, e por muitas vezes pensei ter sido derrotado e ocasionalmente fui. Porém inusitadamente essas derrotas abriram novos percursos, novos caminhos que me levaram ao objetivo desejado tangenciando assim o ardil dos meus inimigos. O universo é estruturalmente formidável!


Entretanto, nosso inimigo existencial não descansa, e apesar do pouco-caso da multidão, perdida e anestesiada em sua situação rotineira, nós os inconvenientes irrelevantes observamos a malícia escorrer por decisões e procedimentos infames. O ralo oculto regurgita propostas obscuras para a especificação de ações dos filhotes da escuridão. Porém, todos nós que possuímos a estrutura mental provavelmente projetada para questionar e de pouca adesão a mantras controladores e resistentes a subterfúgios ousados com a finalidade de corromper, prosseguimos penetrando o instante dessa gente para causar desconforto. Quem sabe, talvez este seja nosso propósito na narrativa, trabalhar como o tormento dos insanos, uma urticária perene para ilustrar que algo não vai bem. E apesar de todo desprezo pela agonia, dela não se extrairá harmonia em tempo algum, seremos a dor presente na última fração de sorriso dos inconsequentes e desses vaidosos que tripudiam da ordem como se a eles pertencesse o amanhã. Nós sabemos, como citou Blaise Pascal: “ É perigoso deixar claro para o homem o quanto ele é igual aos animais, sem mostrar-lhes a sua grandeza. É também perigoso mostrar-lhe sua grandeza, sem mostrar-lhe sua baixeza. Mais perigoso ainda é deixar que ignore ambas. Mas é proveitoso mostrar-lhes uma e outra. Não se deve permitir que o homem acredite que é igual aos animais, nem aos anjos, tampouco que os ignore, mas que conheça os dois”. Sendo assim, nossa missão consiste em temperar este caldo psicológico com o que realmente é relevante para o espírito e não abandoná-lo ou confrontá-lo diretamente com agressividade, a sutileza não se esquiva mas domina por presença de um convencimento consistente com a ternura plácida de uma argumentação sem desvios ou subterfúgios. Porque para se permitirem existir o ser humano excluiu de si alguns atributos importantes segundo Blaise Pascal: “Não tendo conseguido curar a morte, a miséria, a ignorância, os homens tomaram a decisão, para serem felizes, de não pensar mais nelas”. E assim temos uma sociedade exposta ao império dos sentidos, do sentimentalismo, de toda e qualquer vontade que dê e ofereça prazer. Uma opção por banharem-se em ignorância prazerosa para anestesiar a realidade com suas asperezas desconfortáveis que hoje e sempre transportam a verdade. Um hedonismo para chamar de seu apesar da dor.


Enfim, nessa apoteose instantânea dentro desse instante imenso que consiste e se propõe a ser o nosso abrigo inusitado, vivemos e existimos para divergir. Fomos levados a isso, e a não ser que a realidade não seja aquilo que entendemos ser, seja apenas algo programado e definido com respostas e ações antecipadamente estruturadas através de comandos externos, como um simulador de vida, onde experiências exóticas são implementadas para que se obtenha resultados aleatórios com a finalidade de pesquisa comportamental, temos então, um propósito previamente definido; provocar turbulência até que o desvio se encontre ajustado e reconduzido para o caminho da razão. Se todo o cenário for apenas um jogo, uma simulação acadêmica, as consequências de uma virtualidade podem ser apenas tese e não a consolidação final de um método? Ensaios, que suprimem e alimentam comportamentalmente atores, que irão assim trabalhar com um objetivo previamente definido, e entenderíamos que a ignorância atual seria algo orgânico, inerente a construção mental dos personagens que hoje nos atormentam. Afinal, existe realmente livre arbítrio? Sua existência é realmente sua? Ou pertence a um projeto que lhe determina o caminho a ser seguido?



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.



Citação: Blaise Pascal Pensamentos. Kirion CEDET Editora 2023.



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