domingo, 28 de maio de 2023

Oscilação de parâmetros.

 

                                                       Imagem de Gino Crescoli por Pixabay. 



 Oscilação de parâmetros.


Bom, mastigaram a realidade, e numa cusparada a expeliram na fria pedra das razões preteridas. Talvez o sol de um amanhecer fugaz venha a reestruturar o âmago do contexto e assim ainda exista uma possibilidade positiva em tanta inconveniência comportamental. Se reconhecer como imagem interna gerada por golfadas de um inconsciente desajustado vai destruindo fisicamente a estrutura real daqueles que a isso se entregam. E porque se entregam a essas loucuras? Principalmente pela perda de um importante parâmetro de controle mental simbólico, a religião. E aqui estão reunidas toda e qualquer religião. Acreditar em algo além e acima de si mesmo é um fundamental instrumento de equilíbrio psicológico, sem isso o ser humano se desestabiliza e começa a oscilar entre o real e a insanidade. Sem esse controle mental de comportamento, poucos, muito poucos conseguem gerenciar de forma saudável seu cotidiano, sua rotina sem avançar ocasionalmente em desvios de conduta muito destrutivos e viciantes. O total e completo ateísmo é muito raro e exclusivo de personalidades com força para administrar internamente este vácuo hipotético onde habita o nada. Todas as civilizações, sim todas sempre tiveram um processo religioso, monoteísta, politeísta, espiritualista, filosófica, etc. O antigo Egito se torna um bom exemplo, existiu por quase quatro mil anos possuindo um vasto politeísmo e obteve sucesso como controle social e estruturante de sua sociedade. Nenhuma tragédia social ocorreu neste vasto tempo onde a organização social estava amparada em símbolos regulamentadores de comportamento. Pois é isso que as religiões fazem, criam um código de conduta onde algo acima de você atua como um freio para desejos destrutivos, geram uma regra moral a ser seguida ou no caso de violação das regras, punição eterna em algum momento num suporto pós-morte. Carl G. Jung definiu: “O papel dos símbolos religiosos é dar significação à vida do homem”. Sem essa valoração da própria vida por parte de toda essa simbologia o ser humano fica sem rumo e entregue a uma diversificação infinita de conjecturas que acabarão enfim desestabilizando o ser e sua existência. Carl G. Jung prossegue no tema: O homem realmente necessita de ideias gerais e convicções que lhe deem um sentido à vida e lhe permitam encontrar seu próprio lugar no mundo. Pode suportar as mais incríveis provações se estiver convencido de que elas têm um sentido”. Com um parâmetro definido, o homem pode ser invencível e enfrentar toda e qualquer desafio, viver e morrer por ele, porém sem isso se torna apenas o habitat fértil para a insanidade que o levará ao colapso.


Existe um embate filosófico e por protagonismo entre as diversas religiões, muitos deles sangrentos como vimos no passado, e até hoje até entre crentes de uma mesma linha e estrutura de crença, católicos contra protestantes, muçulmanos contra cristãos, e tantos outros pelo mundo, mas a função de todas essas tendências de culto é a mesma, dar significado existencial ao individuo que adote qualquer uma delas como parâmetro central de vida. Na sua função básica não existe diferença entre elas, seja qual for a escolhida, essa religião irá de fato proporcionar conforto e segurança transcendental, sensação de pertencimento e o abrigo psicológico de viver sob uma proteção superior que lhe garanta um futuro melhor. E assim chegamos no problema principal da nossa época, o mundo materialista se impôs, a descrença ocupou espaços firmemente apoiada por um cientificismo de cartilha socialista, onde o transcendente foi colocado de lado para uma suposta vida mais racional e inclusiva. A metafísica foi descartada por hipotéticas certezas, pois a ciência é progressiva, maleável, não possui solidez, pois a cada descoberta o que se sabia fica obsoleto e descartável perante este novo passo aprendido. Temos assim a tragédia do nosso tempo, uma sociedade se decompondo entre lacunas filosóficas, pessoas se autodestruindo para atender desejos incontidos de um profundo inconsciente deturpado por falta de parâmetro de equilíbrio. Pessoas que não se aceitam como são, recebendo incentivo de outros desequilibrados, apenas para satisfazer um procedimento mergulhado em vaidade pessoal. O que importa não é mais a vida, mas a política, a nova ordem, o sentimentalismo impera na estrutura da realidade, não interessa se o resultado será satisfatório, se trará felicidade para quem se disponibilizou nessa aventura sem chão. Cumprir a pauta materialista torna-se o compromisso religioso, ou quase, porque se nada existe além de nós, algo deve suprir essa necessidade básica estruturante. A insanidade sorri personalizada no demônio da satisfação. Se não há religião algo irá sorrateiramente ocupar o cotidiano, não pensem que o espaço indefinido e ilimitado dessa circunstância não terá dono. A vaidade humana não permitirá que a ocasião fique desocupada, na primeira insinuação do erro certamente o consentimento será oferecido para uma dança macabra com a destruição. Apoiado nos estudos de Jung o Dr Murray Stein explica: “Os humanos são impelidos por forças psíquicas, motivados por pensamentos que não se baseiam em processos racionais, e sujeitos a imagens e influências para além daquelas que podem ser medidas no meio ambiente observável. Em resumo, somos criaturas impulsionadas por emoções e imagens, tanto quanto somos racionais e ambientalmente adaptadas. Sonhamos tanto quanto ponderamos, e sentimos provavelmente muito mais do que pensamos”. A complexidade do ser humano no campo psicológico não resistirá a essa extração de conteúdo proporcionado por uma nova política comportamental criada artificialmente para controle.


Como somos todos nós um recipiente de sentimentos, sonhos, imagens, revestidos de corpo e ponderamos infinitamente entre todos estes parâmetros constantemente, a ausência filosófica e mesmo física da fé criará distorções comportamentais destrutivas inevitáveis na estrutura social. Hoje apenas se vê uma ocasionalidade aqui e ali, porém com o passar do tempo e com a inevitável perda de conteúdo com a morte dos poucos que ainda são capazes de oferecer alguma orientação neste campo, a comunidade ficará a deriva e a desestruturação mental poderá levar a um comportamento perigoso e danoso para a própria existência, uma vez que não se possui mais o recurso do além de um mundo material, aquilo que ultrapassa o simples contexto de apenas estar aqui, apenas se tem um vazio angustiante, onde nenhum grito ou choro terá receptividade, onde toda e qualquer dor será impulso para a auto eliminação.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992     CRA – RJ.



Citações: Carl G. Jung O homem e seus símbolos. Harper Collins.


Murray Stein Jung o mapa da alma. Editora Cultrix.


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