segunda-feira, 6 de maio de 2024

Detalhes.

 

                                                             Image by L Moonii from Pixabay.


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Neste oceano cósmico eu sempre procurei e ainda procuro o lado do bem, mesmo que o caminho para ele seja difícil e tortuoso, repleto de nulidades comportamentais para iludir e capturar todo aquele que se permitir ser enganado e encantado por sonhos fúteis e desagregadores. Enquanto tivermos tempo dentro do tempo estipulado para nós, a vida proporciona aprendizado, e o reconhecimento de quem nessa jornada, tem real conteúdo louvável ou é apenas um simulacro de virtude, mas na realidade ama a escuridão que esconde vontades e desejos inconfessáveis e que virariam pó submetidos a luz do sol. E um modo particular de aprendizado é o sofrimento, na estabilidade rotineira de um cotidiano sem eventos que causem uma ruptura momentânea no marasmo modorrento do cenário, deixamos de perceber detalhes extremamente significativos para prosseguir com segurança neste caminho que deram a nós. Subliminarmente quem cuida de nós ou administra este plano de realidade, onde ocupamos frivolamente um espaço espectral de consistência telúrica do núcleo até as bordas de lugar nenhum, resolve dar uma “dica”, avisando que as entranhas da realidade são muito mais tortuosas e em cada reentrância se oculta uma armadilha, abram os olhos! Quase grita, perturbando o silêncio das estrelas. Temos dois eventos, um de entretenimento, com conteúdo satânico e pervertido, onde a mistura profana de religião e sexo são adicionadas como tempero alienante para desavisados e permissivos, e de outro lado uma catástrofe climática de grandes proporções, com muitas vítimas fatais e outras milhares, e caso não sejam socorridas a tempo, também se tornarão mais vítimas fatais. De um lado uma orgia e de outro o sofrimento determinante da agonia, de morrer de imediato ou abandonado e sem socorro na imensidão pluviométrica que aconteceu. Mas aqui temos o diferencial de almas, enquanto umas se esfregam freneticamente em busca de prazer carnal, outras lutam voluntariamente para salvar seus irmãos de existência de um destino cruel, se faz de tudo, até arriscar a própria saúde e a vida para dar segurança e conforto a seu irmão neste momento de dor. Dessa turma toda, quem que você acha que terá seu nome incluído no livro da vida? Fica para reflexão e aprendizado. Eu sei, existem aqueles que simplesmente ignoram e não acreditam em nada no porvir, apenas existe o hoje e nada mais, então, assim se torna possível qualquer coisa, matar, roubar, se entregar a devassidão de qualquer tipo de orgia e prazer, destruir a vida do próximo, seduzir crianças com fins libidinosos, torturar semelhantes, eliminar quem pensa diferente. Todos estes, no mesmo contentor, no mesmo recipiente. Resta a você, que pensa e se diz humano escolher com quem deseja prosseguir viagem, acreditar ou não é uma possibilidade e um direito, dizem que existe livre arbítrio, então use com bom critério, o futuro é construído com decisões no agora, supostamente é assim, então, mergulharemos nessa hipótese consolidada e sejamos fruto de nossas escolhas. Consolidados assim nas artimanhas do destino que supostamente não existe para alívio de quem presa por uma independência completa de fatores subliminares de controle, navegamos nesse mar de possibilidades que tanto pode nos levar ao paraíso ou ao abismo das trevas. Eu prefiro acreditar que não é circunstancial, e de acordo com condições que não controlamos e nem entendemos, estamos neste palco com algum propósito, e se existe gente sem propósito, eles também têm uma finalidade, talvez servir de estorvo existencial para um grupo que realmente pensa. A melhor escola é a severidade do cotidiano entre infames, como a vacina que utiliza fragmentos da doença para atingir a imunidade, talvez todos nós necessitemos de algum contato com a miséria moral para que assim nos tornemos mais fortes. Filosoficamente é correto e transcende a ocasião estipulada e presente como anomalia sistêmica do nosso ser. Schelling tem algo a dizer: “Toda filosofia que parte do finito emaranha-se necessariamente em contradições, pois mesmo que o finito seja seu ponto de partida, ele o é apenas a fim de atingir a parte dele no infinito. Uma ciência que em toda parte excluísse o infinito não seria de maneira alguma filosofia”. Lembrem-se, o infinito é o que existe, a eternidade, constituída de milhões de alternativas, hipóteses e configurações.


 Pensar apenas em um fim simplório e sem sentido que não acumule qualidade existencial no nosso perfil humano é um contrassenso abrangente, delimitador e redutor de alcance espiritual dos que assim pensam. Se esforcem mais na descrença, você são melhores que isso, demonstrem capacidade residual de raciocínio para confrontar a verdade. Neste ponto Schelling tem mais alguma coisa dizer: “Desde a eternidade, portanto, essência e forma estariam juntas na matéria. A forma atua desde a eternidade na essência, e procura expressar-se por meio de imagens particulares de si mesma – identidades entre alma e corpo. A essência, à qual apenas a forma infinita é adequada, procede neste caso meramente recebendo, passivamente, sendo ela o substrato e o fundamento de toda realidade. De algum modo engravidada pela forma absoluta com as formas das coisas a substância começa a dá-las à luz como coisas reais efetivas individuais e efêmeras”. Conselho; nunca se perca no que é figurativo e transitório, apegue-se ao eterno o infinito tem suas regras estabelecidas , sua descrença intrínseca não fará nada em seu benefício, a coisa real é muito mais complexa do que sua arrogância materialista e vulgar, que o prende na escuridão dos espaços oblíquos da mente. Detalhes, ah esses detalhes tão subliminares que se perdem na textura irregular do espaço tempo, onde fronteiras psicológicas se confundem quanto ao que é real e o que é ilusório, Conhece metafísica? Ela é o extremo filosófico que trafega e flui nas margens do impossível apenas para encontrar respostas que irão assim demolir a presunção do conhecimento humano que se arvora conhecer alguma coisa. Eric Voegelin também abordou o tema citado por Schilling: “A desespiritualização e o diletantismo metafísico, ou irracionalismo, estão inter-relacionados, pois o racionalismo do discurso filosófico é dependente de ontologia profunda. Se os domínios do ser não são distinguidos adequadamente, se não são reconhecidos cada um em sua substância e estrutura peculiares, se o espírito é interpretado como um epifenômeno da matéria, ou a matéria do espírito, se as operações do espírito são reduzidas a relações psicológicas ou explicadas como a sublimação dos instintos, ou como os efeitos de uma situação econômica ou social ou de determinantes raciais, o discurso deixa de ser racional, porque, pelo princípio da construção epifenomênica, os vários domínios ônticos são distorcidos em sua própria estrutura bem como em suas relações um com o outro, e porque Consequentemente as coisas não são chamadas por seus nomes, mas sim pelos nomes das coisas de outro domínio”. Assim aqui estamos nesse dilema que não deveria existir, fazer parte do grupo dos bons ou dos degenerados e iludido pelo prazer momentâneo, eu prefiro atravessar o deserto da lógica e sofrer todo seu clima inclemente do que me entregar ao prazer de um momento viciante e deturpado. E no soslaio do olhar do destino, você que pensa que vive, existe apenas por graça de sua vontade ou de uma fatalidade fortuita da aleatoriedade cósmica, ele, o destino tem apenas uma coisa a dizer: aos tolos também é permitido existir.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA -RJ.


Vocabulário:


Ôntico: Aquilo que pertence ao ser.

Epifenômeno: Produto acidental acessório de um processo.


Citações:


Friedrich W. J. von Schelling. Propedêutica da filosofia. Vide Editorial.


Eric Voegelin. History of political ideas. Columbia and London University of Missouri 1999.



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