sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Entre a folia e as circunstâncias.

 

                                                           Image by Sabine from Pixabay.



Entre a folia e as circunstâncias.


E assim aqui estamos, em mais um intervalo de folia, onde pessoas com condições de vida sofríveis se esbaldarão em frenesi intenso, para satisfazer instintos reprimidos e animalescos. Deve ser algo realmente parte do nosso programa estrutural de existência pois já no antigo Egito existia um festival da beberagem, onde todos se entregavam a orgia regada a muito álcool e a sexo sem comedimento. E assim os problemas da vida se diluem em alguns dias de completa irresponsabilidade para catarse das almas repletas de ocasiões atormentadas. Há motivos por qual festejar? Absolutamente não! Mas carnaval não é plenamente sobre isso, mas com a necessidade de desligamento emocional com a realidade. Temos expectativas desastrosas para o futuro, o cenário não indica um viés de prosperidade, e sim de queda acentuada de qualidade de vida e perda de liberdades fundamentais. A suposta oposição conservadora que tínhamos continua a ser gerida por idiotas e débeis mentais, mesmo sem poder, provoca a reação de algo que criou com atitudes pusilânimes do passado. Ou seja, a metodologia que fortaleceu o mal, prossegue ditando as regras comportamentais do que sobrou. E sendo assim, o provocado se agiganta e mostra quem realmente manda e tem a força. A economia está evidentemente desacelerando, os preços dos produtos subindo, investidores saem do país levando todo seu capital, o que de alguma forma, direta ou indiretamente afetará o mercado de trabalho. Regras, as velhas regras da economia, elas não aceitam desaforo. Ou você joga o jogo delas, ou será massacrado pelas consequências. Mas vamos para o bloco, para o trio elétrico, calor, muito suor, o cheiro fétido de necessidades humanas no percurso, uma saliência ocasional aqui e ali, e o som ensurdecedor de música de péssima qualidade. Nada mais prazeroso do que virar um animal irracional por alguns dias. Afinal, ninguém nos ameaça, ninguém tenta tirar nossa liberdade, transformar-nos em rebanho acéfalo, não é mesmo? Para prazer coletivo talvez degustemos até uma epidemia ocasional depois da festa, além claro do incremento das doenças sexualmente transmissíveis, tão rotineiras em fim de festa como essa, filhos de pais não identificados e muitas dívidas insolúveis para tormenta do restante do ano, só coisa boa! Porque viver é preciso, como um ditado popular e dane-se o mundo porque não me chamo Raimundo, complementaria outro. Enfim, em maioria o brasileiro é assim, ruim de planejamento, pior ainda de relações com a realidade, esse povo costumas rir de martelada no dedão do pé, hoje sabemos, o nível de inteligência da massa não é favorável, na massa e em grande parte da dita elite também. Porque ter sucesso relativo aqui, financeiro e profissional apenas indica que você foi um pouco menos burro que a maioria. Pindorama é um espetáculo! Lugar bonito, quente, até demais, povo mestiçado, de linda pele morena, eu não, tenho a cor de uma barra de sabão de coco, por isso sou incompatível com esse lugar, praias, montanhas paradisíacas e uma gente abestalhada, perfeito! Onde seria possível criar um feudo com um único suserano capitaneando tudo e a todos? Uma antiga canção já citava que “não existe pecado do lado debaixo do equador”. Poético! Um vale tudo por natureza! “Mas que beleza! Fevereiro tem carnaval!”. E assim sendo, porque se preocupar com quem manda, com quem governa, se ainda sobra um resíduo, que vivamos nessa cota de espaço vital que nos sobrou, e enquanto isso, alguém que tentou fazer algo diferente poderá ir em cana. Digamos, fez por merecer, mas não por atitude mas por falta dela, no país do rebolado, ele não teve jogo de cintura para dançar a melodia, uns dirão que as circunstâncias não o favoreceram, mas vejam bem; para certo tipo de empreitada é preciso de competência mínima para a construção de uma nova realidade.


Vejam bem, certa vez, em um papo de quinta série no colégio no qual estudava, um colega me perguntou porque o “Ó” corre. Tive de explicar para ele que ele o “O”, era parte da ação e sem ele não teríamos a ocorrência, e sem a ocorrência o tempo em sua unidade de medida não seria cumprido satisfatoriamente na estrutura semântica para compreensão do que realmente acontecia. Ele deve estar lá, pensando nisso até hoje, cinquenta e oito anos depois. Não fui cruel, apenas sempre fui desde novo, um cara complicado. E assim sendo, me causa repulsa a falta de poder de análise de cenário de algumas personalidades que, adquirem protagonismo e não conseguem se firmar e ter sucesso, uma vez que foram premiados com um esplêndido resultado eleitoral, e colocado no cargo mais importante do país. A limitação cognitiva é um adversário insuperável, porque ele está no âmago do ser. Sem diversidade e capacidade de profundidade dos fatos, tragédias acontecem, elas já acontecem entre os melhores, não há ninguém infalível, mas sem poder de interpretação da realidade como ela é, fica muito difícil. E assim transcorreu um período de esperanças desperdiçadas até que se atingisse a profundidade escura de um regime de exceção. A maioria ainda não percebe o odor de claustrofobia que ocupa vagarosamente o ar. Um país sem liberdade é algo semelhante a estar dentro de um cilindro, de um tubo interminável, sem espaço para se locomover, tolhido por todos os lados, e sem margem para ter conforto existencial. Isto nos restou como cenário depois da falta de habilidade política e de capacidade cognitiva de um período supostamente de esperanças. Se você não possui as qualidades necessárias para a gestão, ninguém tem todas, procure se cercar de competência nas áreas mais necessárias e fundamentais para seu período. Áreas como estratégia e propaganda exigem gente muito qualificada, e não se apoiar em débeis mentais e amadorismo bananeiro proporcionado por bajuladores profissionais, um detalhe: todo bajulador é um incompetente. Quem possui qualidade não vive implorando atenção e alisando superior hierárquico, ele conquista espaço mostrando qualidade de ação e não em joguinhos sórdidos de marcar presença com amabilidades dispensáveis. Mas infelizmente tem chefe que adora isso, e na maioria das vezes quem gosta disso, fracassa com seus pupilos lambedores de virilhas. O fracasso persegue quem não tem determinação e foco, funciona como fezes e moscas, onde tem um tem outro. E como o personagem em questão adora ser bajulado, cultuado, admirado, por uma qualidade subterfugiada nas ancas da abominação, temos o pretexto para o enxame de nulidades se aconchegarem no “astro” do momento, como as moscas. Vejam, ao adversário resta apenas esperar, as oportunidades que irão surgir aos montes dessa administração de vaidades. No fim, fortaleceu quem tanto o odeia, claro, adicionando aditivo para maior rendimento odioso na máquina que futuramente iria triturá-lo. Com performances teatrais e midiáticas, provocou até esgarçar a paciência da oposição. Não sei se por ignorar ou simplesmente não possuir inteligência para avaliar o cenário, não viu em que se transformaram as Forças Armadas, uma nulidade completa. Em última instância, são elas que garantem a ordem e o poder. Ou assim deveria ser, em qualquer pais normal.


Enfim, depois de ser derrotado, e de deixar alguns rastros desabonadores, se verídicos ou não, não importa mais, se não o são serão por força da vontade política vigente. Quem vence escreve a história, sempre foi assim, e não seria desta vez que algo mudaria essa rotina. Mas ainda assim, depois de derrotado não dispensou sua velha assessoria e planejamento de estratégias, a mesma que o levou ao fracasso, talvez algum parentesco o impeça de reconhecer a incapacidade, prosseguiu com a mesma metodologia , a mesma abordagem política quanto a arrastar multidões para mostrar popularidade. Ou seja, prossegue com a estratégia do fracasso, e com isso provoca o inimigo que o vê ainda como uma ameaça, um exagero. Muita gente já enxergou o que ele é na verdade. Podem não estar com a situação, mas na oposição não aceitarão mais o mesmo bonecão do posto. Cercado de população e fã clube, ele tem orgasmos, necessita infinitamente de bajulação. Até toma banho de farofa em churrasquinho de origem duvidosa em botequim pé sujo. Relógio de camelô, refresco de padaria, é um asceta! Todavia, será assim fora das câmeras? Com situação política frágil resolveu se tornar valente mais uma vez, então, o sistema o engoliu de novo. Assim está no momento, no limiar de uma temporada guardado, deveria ir junto com sua esplêndida assessoria, porque eu sou uma pessoa que relevo o erro, mas repetir a dose não dá. E assim conhecerá o “Ó” que corre sem ter pernas e o “A” que abraça sem ter braços porque a ocorrência irá abraçá-lo como uma fatalidade romântica produzida por suas próprias decisões, enquadrado na lei que ele próprio assinou para evitar dissidências politicas. É um gênio! Não? Lamento, quer que eu faça o quê?



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.


Citações: trechos de canções de Chico Buarque e Jorge Benjor.



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