sábado, 17 de fevereiro de 2024

Uma fatia de incoerência.

 

                                                 Image by Reinhold Silbermann from Pixabay. 



Uma fatia de incoerência.


Na Esquizolândia, entre as nervuras corrugadas das tripas de uma ocorrência tenaz, se apresenta o inusitado de ser correto mas inadequado para viver entre pares de sequazes operários da infâmia. Dentro desse psicodelismo fantástico de surrealidade afetada onde a aleatoriedade defeca consentimentos ao absurdo, a boca da usura não sorri por mérito e sim por desfaçatez. Talvez ela pressinta que você será mais uma vítima do ambiente que não permite ser distinto da sujeira das paredes, desse local que se acomoda na indulgência obsequiosa do desleixo com a higiene. Ora, a decrepitude inerente gera a atmosfera correta para a desfaçatez dessas propostas que se intumescem no desejo perverso por ocasiões onde o indecoroso possa ser negociado. Entenda, você foi transportado para uma outra realidade, e talvez o aqui seja o inferno, nunca parou para pensar nisso? Ou seria possível numa terra de virtudes e abençoada por Deus algo semelhante ao que hoje acontece sistematicamente na nossa realidade? Nesse contexto se dizem que a banana é azul e a jaca é rosa não se preocupem, assim terá de ser, mesmo que não seja porque o que vale é a vontade de quem governa e a coerência com a realidade é o que menos importa. Se tem sentido lógico ou não apenas aceite para sobreviver, as crenças dessa gente ideologizada se sustenta em absurdos, não são providas de coerência e assim sendo possuem um raciocínio completamente subjugado, que se submete aviltando o ser humano a uma coisificação útil ao sistema de governo. A possessão ideológica é abrangente e constrói essa realidade disfuncional e de aparência deformada que, se implementa no nosso agora. Torpe é a sobrevivência entre essas propostas abjetas de governabilidade. Sublimar um universo paralelo talvez seja necessário para suportar tal cenário. Numa dança performática de cunho psicológico faça seus neurônios se adaptarem ao espetáculo como uma abóboda louca que se sustenta em suposta garantia para não enlouquecer de verdade. Não se preocupe com a conformidade, a última coisa aqui nesse ambiente que poderia se esperar seria uma correta simetria com a realidade, não estamos inseridos em algo que se possa levar a sério. E se a normalidade está na loucura perceba-se maluco também, exerça um mimetismo confortável nessas circunstâncias. Se todo redondo se considera quadrado neste plano vulgarize-se nessa forma para não parecer preconceituoso. Uma anomalia ocasional não se distingue de outra, e entre tanta bestialidade mais uma aberração passará sem ser notada. A proposta é essa, não apareça sem disfarce, Seja mais um louco na paisagem, é por segurança pessoal. Um lugar onde a lei aprovada em parlamento não vale mais, deixou de ser democracia para virar um regime de força e assim sendo ninguém está seguro. A Esquizolândia não é para fracos, aqui jacaré nada de costas, e se encontra virgens em lupanar. Nesse paraíso tropical, de temperatura infernal, até saborear um despretensioso picolé pode ser fatal, por que? Ora, provavelmente com água mineral é que não foi feito, lembre-se estamos no país dos espertos onde se falsifica até cerveja vagabunda por algo pior, cada ida a rua é uma oportunidade para ser assaltado, trapaceado, ou sequestrado. Escolha qual modalidade de aventura que deseja nessa manhã escaldante de um dia qualquer, não tem diferença nesse quesito, sempre é quente. O calor aqui parece fazer parte da punição, onde os pecados são purgados pelos poros. No gotejar repugnante de corpos fedorentos existe alegria na letargia peculiar de toda gente que flui modorrenta no cotidiano da estrutura social sem futuro e sem prognóstico de mudança. Não pergunte por esperança, ela já morreu tem tempo, aqui Os passos são delimitados e o perímetro não tem alcance para sonhos, Os arquitetos da infâmia foram vitoriosos, o projeto deles venceu.


E o crime? Ora, o crime é incensado e cultuado como algo nobre, uma cultura de rebeldia, onde o infrator da lei é visto pela justiça com o herói incompreendido que assalta e estupra a sua vítima por que foi submetido a uma infância miserável e de abandono, e isso justifica sua atividade contra o restante dos cidadãos, que procuram levar sua vida de forma honesta. Azar o seu, não ter nascido em favela, ou em alguma família problemática e desestruturada, Em Esquizolândia, a justiça está preparada para atender apenas o criminoso, afinal, o juiz de hoje um dia já foi comprar seu baseado na comunidade. Paz e amor bicho! Alguém se lembra disso? Aqueles anos setenta produziram em grande parte a geração que nos governa, muito alucinógeno, LSD, chá de cogumelos, viagens astrais em festas nas praias que rompiam a madrugada. Estruturas sólidas derretiam a olhos vistos quando se estava encharcado de algum aditivo psicodélico. Essa geração, rebelde por incrível que pareça, produziu filhos e netos, Que foram criados nesse caldo cultural de permissividade e desleixo com os valores que sustentam a sociedade. Com um retoque socialista nas escolas e universidades, se chega a geração do desastre pronta, nada mais é preciso ser feito, basta apenas esperar o resultado. Qualquer ensaio acadêmico ou papo de botequim sabe que vai dar problema, mas o maior problema não é esse, o mais grave está em não reconhecer o problema como um problema de fato, e achar que aquilo que se decide é a solução ideal. Assim temos, aquelas moças de boa família que um dia estudavam em faculdade e eram apaixonadas por bandidões, em cargos que definem a realidade da lei hoje. Esqiozolândia é uma festa! Um amor residual pelo infrator sempre comove a autoridade, um apego com raízes antigas acaba definindo o cenário. O membro do judiciário hoje é neto daquele playboy que viva chapado de erva e andava loucamente em sua Yamaha RD 350 conhecida como tampa de caixão, mas de barulho contagiante. Ou até proveniente de alguma comunidade carente, onde foi preparado no caldo cultural socialista que exclui a sociedade livre de seus planos de futuro, onde ensinaram que algo como stalinismo é bom é inclusivo, só se for para incluir numa cova rasa. A determinação e o foco dos nossos algozes foi sublime, eles não se importaram com a monotonia do tempo, esperaram pacientemente que o que plantaram desse frutos, e eles estão agora no comando de tudo. A anomalia virou procedimento correto, você que deseja ter uma vida normal, não passa de uma ovelha em floresta infestada de lobos, e não há um super herói para lutar por você. Sirva-se de uma fatia de toda essa incoerência e saboreia toda essa obscenidade procedimental desse mundo, tudo indica que fomos sorteados contra nossa vontade a viver na sucursal do inferno, onde temos o papel de ser o entretenimento para os demônios. Não me pergunte o motivo e a razão, mas foi assim que aconteceu. Talvez seja melhor procurar um padre, um pastor, um sacerdote, este perfil comportamental moderno deve habitar o ramo que eles trabalham, a transcendência do ser, não sei se apenas a filosofia dará conta de tal tarefa. Até porque a filosofia depende de evolução cognitiva, de inteligência, algo que está se perdendo a passos largos. As sensações de orgasmos múltiplos se agigantam e tiram a atenção para a essência de algo mais nobre.


Oculta está a face da razão em estereótipos que rotulam o bom proceder como algo preconceituoso e infame. Assim padronizando a infâmia comportamental como regra de viver. Não há previsibilidade de reorganização social, coisas assim costumam apenas ser corrigidas por processos dolorosos de cura, infelizmente. Dentro desse distúrbio, onde a maioria não se enxerga como deveria, vivendo em projeções mentais afetadas, quem ainda for normal, se reserve ao discreto proceder, chamar a atenção de loucos pode não ser uma boa atitude. A Esquizolândia tropical e linda por natureza, ainda pode abrigar algum vestígio de lucidez, uma vez que a adaptabilidade humana é fantástica. Partiremos assim do pressuposto que no hospício vivemos, das artimanhas da casa nos fartaremos, até que algo aconteça na estrutura extravagante do destino para reorganizar a realidade como ela realmente deveria ser.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.


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