domingo, 11 de fevereiro de 2024

O exotismo da performance.

 

                                                        Image by Karen Bond from Pixabay.



O exotismo da performance.



Assim, bailando no fio translúcido da luminosidade psicodélica de um momento insano, organizamos em nós o arcabouço da demência, para tentar sobreviver ao assédio performático da ignorância plena. Relaxem, é carnaval, ninguém notará seu comportamento esquizoide. A dança do absurdo está em total plenitude como um onanista infame ao se satisfazer no abrigo do silêncio. Não se atormente, nós que supostamente estamos escriturados no pergaminho do destino, se reconhecemos e identificamos a anomalia, podemos crer que essa parte cabe a nós, assistir a derrocada da civilização. Bem melhor do que ser registrado como um ignorante, peça chave do colapso. O que deve nos levar a algumas conclusões: não devemos desperdiçar tempo com convencimento de quem está cristalizado na infâmia, não se joga pérolas aos porcos, já ouviram isso? Nessa dança frenética das ocasionalidades, o tempo do resgate já passou, falta apenas a consumação do fato. Façamos o registro, uma vez que ocupamos esse mezanino da razão, onde foi permitido testemunhar a loucura dançar e espalhar suas miçangas na textura vulgar do cotidiano. Pois inconsolado será o momento do acerto de contas, onde o delito será cobrado e nenhuma urgência se tornará preferencial na tabela de obrigações definidas. Não há extravagância quando a verdadeira justiça se faz conhecer e cobra da realidade o seu compromisso. Valores! No fim, tudo se resume a isso. Quando se começa a flexibilizar estes termos em nome de uma suposta aceitação mais civilizada, se abre mão da civilização. Onde o paradoxal e o ambíguo começam a se encorpar a verdade perde espaço para o desejo e a vontade pessoal de segmentos de influência, prejudicando todo o conjunto. Solapando a estrutura, se obtém o colapso, evidentemente. Porém, enquanto a música toca, nos abraços, nos sorrisos e nos compromissos com o momento a amplitude se torna escassa para assim conter mais de si na hora que se define como um todo de prazer. Porque nos espaços onde todas as distâncias se comprimem fica mais fácil delinquir sem objeções, como se o infinito pudesse se alojar entre limites definidos por simples objetos de ocasiões do tempo. O produto não escolhe o insumo que o produziu. E se são possivelmente construtos não possuem plausibilidade concreta, vivem em paralelismo idealizado corrompido de um empirismo tardio das circunstâncias que os criaram. Inferindo metáforas na área subjacente à razoabilidade específica do ser. Então, temos uma dedução sem rigor, um arcabouço danificado de uma época que se desalinha com a realidade. O que nos leva aos raciocínio: são responsáveis por seus atos, ou apenas bailam na fronteira da irracionalidade, sem controle sobre seus instintos, apenas para satisfação da carne? Como premissa temos que são humanos, mas se comportam como antítese de sua origem. Mergulhados em sensações permitem o domínio das paixões com Aristóteles já definiu: “Ora, as paixões são as causas que introduzem mudanças em nossos juízos, e que são seguidas de pena e de prazer; tais são a cólera, a compaixão, o temor e todas as outras emoções semelhantes, bem como seus contrários”. Absortos nessa sinfonia onde todo acorde é conhecimento prosseguimos com outro grande pensador, Buda: “O dom da verdade ultrapassa todos os dons. O sabor da verdade excede todos os sabores. O encanto da verdade supera todos os encantos. A destruição do apego supera todo sofrimento”. E também: “Aquele que chegou ao fim, que não tem medo, desejo ou paixão, Que cortou com o sofrimento da vida, este é seu último corpo”. Portanto, incompletos quanto a trajetória existencial, ainda bailam na natureza da carne e suas solicitações específicas, entre suas urgências destrutivas, envoltos e untados de matéria faminta por satisfação alegórica de suas fraquezas.


A dor da humanidade se fundamenta no seu apego ao que é transitório, onde o valor se concentra no agora, no imediato, do prazer instantâneo e sem transcendência. O recado que dão ao se entregar a todo tipo de atividade por resultados rotineiros revela uma falta de fé no amanhã, vivamos agora, torturemos o próximo por vantagens, façamos do vilipendio ao nosso corpo a razão de viver, porque somos o agora, nada mais existe além desse momento. Não há nada com o que se preocupar além do horizonte, o próprio horizonte é uma farsa. Para o equilíbrio químico dessa paixão que nos abrasa que se sacie o desejo que nos atormenta. Sedimentados assim, em espesso depósito de injúrias não aplicam à prudência ou à cautela com o amanhã. Teriam culpa? Enfim, se vivem por instinto embora de natureza humana, algo tem de ser considerado em seu favor. Na tessitura do universo há uma frequência que ecoa para para casos supostamente perdidos, o amor. Ele transforma se houver receptividade. Existe a necessidade de anuência explícita para conseguir este tesouro. Ele é raro, ele é exótico mas sempre esteve ao alcance de quem o procurou. Apenas, diversas vezes não o reconhecemos ou o negligenciamos devido a espessa camada de matéria que transportamos. Mas não se esqueçam, há o debito a ser quitado. O mal infligido a seu semelhante ou semelhantes não ficará sem ser cobrado, no fim se trata apenas da colheita, se plantou flores, terá flores, estejam cientes de que o que vai, volta. Então, dentro de toda essa abordagem filosófica, temos o seguinte cenário, estamos juntos com toda essa gente. Hoje eles mandam, e tentam impor a sua visão deturpada de mundo, onde a individualidade, o respeito a opinião alheia o direito de viver sem intromissão externa na própria vida fica cada vez mais difícil. Nessa politica invasiva de privacidade alheia, tentam obrigar todo mundo a ter uma vida coletiva, onde devassam conceitos, costumes e tradições, transformado a pessoa em um nada, apenas em objeto. E o pior, aplicando um coitadismo desestruturante transformam minorias em privilegiados com vantagens no convívio social e no acesso a determinadas vantagens através de políticas de governo. Um contradição com o planejamento deles, mas é assim. Mas pedir coerência para essa gente é no mínimo um contrassenso, como o ditado popular “bater palmas para maluco dançar”. Sem padrões estabelecidos pela melhor cultura adquirida nos últimos séculos no ocidente, trafegam por obséquios incoerentes e de cunho abjeto. Libertinagem é só um adereço da concupiscência generalizada que se torna muito abrangente no trato com o próximo que não seja um aliado de ocasião. Descartar a ética não se torna problema se alguma vantagem está em jogo, valores financeiros, acesso a cargos com projeção política e influência, a boa vida, bem além do merecimento profissional justifica qualquer coisa, a deslealdade é ardilosa entre os sem caráter. Nada que cause constrangimento no nosso país, aqui um comportamento assim passa por esperteza, jogo de cintura versatilidade. O portfólio de injurias e incoerências sociais aqui é vasto, tem de tudo, e não poupa quase ninguém. O ágio da imoralidade deveria ser a desmoralização, mas aqui isto se torna apenas em um detalhe fortuito a se resolver em tribunais amigos.


Em tudo isso vale o registro desse tempo onde um povo se desestrutura de forma determinada para perder a já tênue identidade de nação soberana para mergulhar futuramente na vassalagem a algum poder externo que não tenha preocupação de fato com o povo originário. Sempre fomos uma sopa de culturas onde a maioria, com as exceções de praxe vivia em relativa harmonia. Porém a importação de ressentimentos tem moldado uma nova realidade, com um nível de intolerância entre grupos mais acentuada. E sendo assim, se você tiver disposição, vá para as ruas, hoje enquanto este texto é produzido estamos no Domingo de carnaval de 2024, é Fevereiro, sabem, é bem capaz do governo mudar, que algum estrangeiro assuma o comando da nação e ninguém note. Porque o importante hoje é ir para a avenida roçar em milhares de pessoas suadas, com banho vencido e chão umedecido com urina ou até outra coisa. Sem falar muito das brigas coletivas onde os sopapos aleatórios farão a festa dos dentistas após a festividade. Coisa fina gente! Sangue, drogas, bebida, sexo, suor e porrada, está bom para você? Não se acanhe.



Gerson Ferreira Filho.

ADM 20 – 91992 CRA – RJ.



Citação:


Aristóteles. Arte retórica e Arte poética. Ediouro.


Buda. Dhammapada. Editora Mantra.



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