Image by Satyam Baranwal form Pixabay.
Felicidade degenerativa.
E assim, estamos em franco declínio da civilização, acossados por todos os lados possíveis, materiais e espirituais, no comportamento e na atitude. Não há no turbilhão um ponto pacífico, os valores fundamentais foram banidos para a instalação de vontades e desejos caprichosos que se arvoram ser a melhor forma de viver. Como esse período foi possível? Ora, está à vista de todos, fomos nós, e quando digo nós me refiro a geração apelidada de Baby boom, ou os Boomers, aquela a qual também pertenço. Mas tenho a satisfação de ter sido um dos poucos que não se entusiasmaram com a paz e resolveram lutar por algo melhor. Exatamente o que companheiros de classe, vocês ensinaram a seus filhos e netos? Em um mundo extasiado com o fim da terrível segunda grande guerra, se entregaram a maconha, ao LSD, ao chá de cogumelos alucinógenos, etc. Faça amor não faça guerra, paz e amor bicho! Permissividades sexuais e abandono do bom comportamento foi a herança que deixamos para o mundo, então, o mundo está insuportável? Ora, suporte a qualidade do que construiu, os jovens perdidos de hoje são o resultado de uma vida largada, onde a melhor orientação foi substituída para o conforto dos pais por descaso e falta de acompanhamento. Óbvio, não poderia dar certo. A base familiar solapada por novas políticas, o ensino empobrecido em substância, o mau exemplo, o comportamento incorreto abrigado com carinho por uma malha política degenerada, e tudo acontecendo aos nossos olhos. Não podemos alegar inocência. Hoje, os filhos do descaso impõem suas leis, moldam a realidade conforme suas idiossincrasias pessoais e coletivas estumadas no processo de alienação política, o mundo dessa gente não é o nosso, mas assim se fizerem um estudo que aborde a infância e a juventude dos poderosos de hoje, verão nossas digitais nas nádegas dessa gente. Claro, eu fui jovem também naqueles tempos loucos, e admito, cai em algumas armadilhas aqui e ali, inevitável, mas sobrevivi apenas com cicatrizes superficiais na minha cota de irresponsabilidade plausível. Alguns amigos de juventude não tiveram a mesma sorte e não estão mais nesse plano. O planejamento deles foi de altíssimo risco e se esbaldaram nos anos dourados. Funciona como o mercado financeiro, se você procura opções alto risco, a possibilidade de perder é bastante alta. Como eu sempre fui um investidor conservador por natureza estou ainda aqui perturbando vocês. Não se transforme em um produto bom para ser consumido por oportunidades vadias ou a demanda acaba com você. A elasticidade é alta e sempre dará um jeito de te alcançar. É possível ter prazer dentro de um controle de circunstâncias, eliminando os exageros e equilibrando o cenário para que ele te receba sem problemas. Equilíbrio, o segredo, a paz interna, e o ar que te alimenta. Como nas palavras do Upanisadas: “De onde o sol levanta e onde o sol vai se por; por certo é do alento que se levanta, e no alento se põe. Fizeram lei disso os deuses: tal hoje como amanhã. Por certo o que decidirem então é o mesmo que fazem hoje. Por isso deve-se observar tão somente um voto: inspire e expire – “que de mim não se apodere o mal da morte” Se o observar que o leve até o fim. Assim, ele ganha a união com essa divindade a habitar o mundo dela”. O controle sobre si mesmo desempenha a função de um porto de segurança e muitas vezes preserva a vida acossada por eventos diversificados, onde as ofertas do maligno esperam apenas um único e fortuito momento de temor. E assim, vamos deixar um pouco de lado as sutilezas desse tema que transcende para irmos até a aridez da realidade que criamos, velhos companheiros. Sim, volte aqui! Ou te puxo pelo rabo. Se lembra daqueles baseados que você apertava? Do momento onde você saiu para comprar cigarros e não voltou mais? Então, você construiu o ambiente no qual vive e agora reclama! Aquele filho ou filha que você deixou para trás, apesar dos percalços virou juiz. E no percurso foi submetido ou submetida a Karl Marx o que lhe garantiu uma visão esquizofrênica do mundo aliada ao trauma que você proporcionou ao não cumprir com suas obrigações. Este sujeito, que escreveu um livro famoso, O capital, tinha umas ideias muito desorganizadas, e que vários autores já refutaram completamente. Ele acreditava que era a força de trabalho do homem era o que criava valores, quando na verdade o valor é criado quando o produto que se cria gera demanda ou não. Algo que ninguém quer, que ninguém compra, não tem valor nenhum. Temos assim apenas desperdício de tempo para criar uma inutilidade. Mas para marcar o momento deixarei um ligeiro fragmento do que ele escreveu: “A água de um rio e o ar atmosférico, ainda que indispensáveis à vida, não são valores porque não contém trabalho humano”. Sendo assim, eu acredito, que o “gênio” não bebia água e nem respirava. Se são indispensáveis, possuem valor, acredito que nem ele entendeu o que disse, me pareceu com um Aiatolá que recentemente comparou as mulheres, com cabras, ovelhas vacas e mulas. O que logo me fez imaginar ele sendo parido por uma vaca.
O mercado estipula o valor, se você produzir algo que ninguém quer, que não desperta interesse, você não tem nada. Sem demanda, sem consumo sem valoração para o produto que você investiu tempo para criar. Um padeiro cria pães, se os pães dele forem muito bons sua padaria estará cheia de clientes, caso contrário se produzir um pão de péssima qualidade, terá que descartar sua produção. Quem cria a relevância do produto, seja lá o que ele for é a procura por ele. Esse produto pode também ser uma porcaria, um lixo, e mesmo assim vender muito, pois isso se refere a característica do mercado consumidor, e suas preferências, no fim, você tem de atender o mercado, oferecer o que o público gosta. Vejam bem, eu produzo livros, como cultura não é a preferência do mercado brasileiro, eles vendem pouco, não sou o único autor com esse problema. Se eu estivesse produzindo algo como contos de perversão sexual ou letras de músicas vulgares faria muito mais sucesso na venda desses produtos. Nós da geração que chegou aqui nesse mundo logo depois do fim da segunda grande guerra demos origem com nosso descaso e arrogância a este estado de coisas. Com o coletivismo racista supostamente derrotado, fomos para Woodstock, e a partir desse ponto fornicamos sem hora para acabar, e no fim da vida, vemos o velho coletivismo racista novamente ressurgir agora apelidado de Nova Ordem Mundial, gerenciado por uma gente tão alienada como os seus precursores que usavam uniformes Hugo Boss vistosos, que despertam até hoje desejos sadomasoquistas. De certa forma, abordando o trato psicológico, o ser humano tem um tesão intrínseco por sofrer e por fazer seu semelhante também sofrer. E assim nos revezamos entre períodos de matança, tortura e apenas alguns fortuitos momentos de paz. E nesses momentos de paz, criamos novamente uma nova safra de desgraças para satisfação do nosso espírito empreendedor. Não há monotonia numa espécie que sempre procura sua própria destruição através dos métodos mais bizarros.
Gerson Ferreira Filho.
Citação:
Upanisadas. Os doze textos fundamentais. Tradução de Adriano Aprigliano. Editora Mantra.
O capital Karl Marx. Extratos por Paul Lafargue. Traduzido por Abguar Bastos. Editora Veneta.
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